Ao liderar as manifestações de junho do ano passado, o Movimento Passe Livre (MPL) ganhou projeção dentro e fora do Brasil. Desde então, vieram muitos convites de grupos estrangeiros interessados em trocar experiência com os jovens responsáveis por levar milhões de pessoas às ruas e forçar governantes a desistir de aumentar tarifas do transporte público. Alguns desses convites foram aceitos. Segundo reportagem publicada há alguns dias pelo jornal mexicano “El Universal”, o MPL está participando, de forma ativa, de protestos no país. Com base em documentos obtidos junto ao governo, o jornal afirma que sete integrantes do MPL estão em solo mexicano fornecendo consultoria ao grupo PosMe Salto, cujo nome é uma referência à sua principal estratégia de manifestação: incentivar os usuários a saltar as catracas do metrô para não pagar a passagem. Os protestos do PosMe Salto, iniciados em dezembro na capital mexicana, se insurgem contra o aumento de 60% nas tarifas do metrô. De acordo com o “El Universal”, a ação do MPL representa uma violação à soberania do México.

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INTERCÂMBIO
À esq., integrante do MPL protesta nas ruas da capital do México

O MPL nega participação nos protestos. “O alardeio da imprensa mexicana corresponde certamente ao incômodo que causam as crescentes mobilizações”, disse o grupo brasileiro em nota. “Atacar integrantes do MPL, que nada têm a ver com tal movimento, não reduzirá a sua força.” Apesar de declarar que não se envolveu, do ponto de vista institucional, com as manifestações, o MPL admite que alguns de seus integrantes possam ter ligações com os protestos. É o caso, segundo o “El Universal”, de Caio Martins Ferreira, estudante da Universidade de São Paulo (USP), e de Maria Aguilera. Há, inclusive, registros fotográficos deles nas manifestações. À ISTOÉ, Lucas Monteiro, um dos líderes do MPL, diz que os sete colegas estão no México “em caráter pessoal” para eventos relacionados à comemoração do 20º aniversário do levante do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN).  “O movimento faz intercâmbios e já participou de encontros em vários países, como Argentina e Uruguai”, diz Lucas Monteiro. Nessas ocasiões, o tema em pauta é invariavelmente o mesmo: o processo das manifestações no Brasil. “A troca de experiência é uma coisa normal”, afirma Monteiro. “O próprio MPL espelhou-se nos movimentos antiglobalização.”

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POSME SALTO
O grupo mexicano leva o nome de sua
principal estratégia: pular as catracas

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Fotos: SUN/Newscom/Glow Images

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