Com a rodada deste domingo 2, chega ao final a primeira das quatro temporadas prometidas para este ano do cultuado Show do milhão, a nova cartada milionária do empresário Silvio Santos, que tem levado legiões de fãs nada fiéis ao animador a sintonizarem o SBT de domingo a domingo, na ansiedade de acompanhar a competição e se divertir com o humor involuntário da atração. Nesta temporada de 22 dias – todas têm a mesma duração e a próxima está prometida para breve –, a medição do Ibope registrou picos de 31 pontos de audiência, com médias de 25. Um estrondo para o horário das 22h. Desde que estreou no vídeo, no início dos anos 60, Silvio nunca escondeu seu fascínio pela televisão americana, a começar pelos programas de perguntas e respostas, os chamados quiz shows. Em viagem pelos Estados Unidos, em 1999, ele ficou excitadíssimo ao assistir Who wants to be a millionaire (Quem quer ser um milionário), fenômeno de audiência que marcou o renascimento do gênero e originou cópias em outras redes de lá. Sem pensar duas vezes, SS criou sua versão, o Show do milhão, que estreou em novembro do ano passado, apenas três meses após o original americano.

A fórmula infalível do Show do milhão está em combinar um prêmio alto, perguntas bobas e nem tanto e provocar o envolvimento com os candidatos, que são acompanhados na platéia por parentes próximos ou amigos com os quais Silvio conversa todo o tempo. É como apagar incêndio com gasolina. Quem assiste fica louco. Amigos se telefonam durante as transmissões, tentam adivinhar as perguntas, riem com os absurdos das respostas e os foras das “colegas de trabalho” quando estas são solicitadas e, no dia seguinte, todo mundo comenta detalhes dos participantes, como aquele cuja mãe é manicure-pedicure e, diante de um Silvio incrédulo, cobra mais para fazer as mãos do que os pés, ou a mãe do outro, trocadora de ônibus na Barra da Tijuca – bairro carioca de gente rica –, que insiste em dizer que seus passageiros não assistem ao Programa Silvio Santos. O próprio apresentador já se soltou a ponto de ter revelado, semana passada, que no início da carreira, à época em que trabalhava no bingo da barca Rio–Niterói, fazia permuta com os motéis da Ilha do Governador, onde “almoçava e transava de graça. Hoje, eu não transo mais”, suspirou.
Para fazer parte do Show do milhão, 12 pessoas são sorteadas a cada dia – os cupons vêm encartados numa revista vendida por R$ 3. Elas comparecem ao programa na esperança de serem chamadas para participar em caso de desistência ou eliminação de algum candidato, o que ocorre sempre que ele erra a resposta escolhida entre quatro alternativas. Quem está respondendo pode saltar questões, pedir “ajuda às cartas”, aos 12 concorrentes presentes ou a universitários convidados pela produção. Raramente há consenso. A cada pergunta formulada o prêmio vai sendo aumentado até chegar ao limite de R$ 1 milhão. O programa é uma mina de ouro para Silvio Santos. Na primeira rodada, em novembro último, foram vendidos dois milhões de exemplares da revista, o que, de cara, deu a ele R$ 6 milhões, fora os lucros com publicidade. As expectativas são de que as cifras aumentem ainda mais. Quem não quer ser milionário?