É muito pior do que se pensava. A “higiene racial e social” levada a cabo na Suécia aconteceu até 1996 e fez 230 mil vítimas. Há três anos, a imagem do paraíso social-democrático que defende os direitos humanos foi abalada com a revelação de que entre 1935 e 1976 tinham sido esterilizadas 63 mil pessoas. A denúncia foi levantada pelo jornalista sueco Maciej Zaremba, que descreveu que entre as vítimas estavam prostitutas e não-brancas.
O objetivo dessas esterilizações seria o “aprimoramento da raça nórdica”. Agora, uma investigação mais precisa foi entregue na terça-feira 28 pelo presidente da comissão relatora, o professor Carl-Gustaf Andrén, ao ministro dos Assuntos Sociais da Suécia, Lars Engqvist. As esterilizações aconteceram de acordo com as leis eugênicas adotadas entre 1934 e 1941 por unanimidade pelo Parlamento sueco. Segundo a comissão, “as leis foram votadas graças a um consenso geral de todos os partidos políticos”.

Os 166 mil casos destas últimas décadas foram de pessoas esterilizadas de acordo com uma lei de 1976, que permite a prática desde que a pessoa a autorize formalmente. As investigações também levantaram que as esterilizações ocorriam em mulheres que deixavam o hospital depois de um aborto ou de uma internação psiquiátrica. Mães alcóolatras, com câncer e as socialmente marginalizadas constituíram 99% destes casos mais recentes. Ciganas e mulheres de “raça mista” constam daquilo que foi chamado de “limpeza étnica” silenciosa. Apesar da promessa do governo de indenizar as vítimas, apenas 140 mulheres reclamaram seus direitos.