O desmatamento florestal volta a disparar no Brasil, com dados que surpreendem e frustram a expectativa de controle do problema. No Pará, o número chegou a triplicar e dobrou no caso de Mato Grosso. Somada, a área devastada nesses dois Estados alcança a incrível marca de 214 quilômetros quadrados nos primeiros três meses deste ano, contra 77 quilômetros em igual período de 2007. O que esses resultados traduzem é a falta de uma política sustentável para frear o processo. A maior queixa das entidades envolvidas com a questão é a de que ações de repreensão na região são esporádicas, sem continuidade, e que logo após a retirada dos fiscais as motosserras retornam à rotina e a situação de exploração ilegal de madeira em larga escala tem andamento. Esse quadro vem agravando a imagem do Brasil lá fora justamente no momento em que a discussão dos créditos de carbono ganha força e que os próprios EUA começam a admitir uma negociação para reduzir as emissões de gás na atmosfera. O Brasil, cuja área verde ainda é tida como o pulmão do planeta, pode liderar o movimento global pela sustentabilidade e assim se projetar como país ecologicamente correto, modelo para os demais. Antes é fundamental dar o exemplo mostrando tolerância zero contra os abusos. Desde o início, o governo Lula levantou uma série de propostas para enfrentar o assunto: restringiu créditos a proprietários rurais flagrados desmatando ilegalmente, aperfeiçoou sistemas de monitoramento e disparou várias ações da Polícia Federal, do Ibama e da Força Nacional para coibir a prática. Diante das estatísticas de desmatamento há de se concluir que as medidas foram insuficientes. Agravantes como o aumento do preço das commodities, que estimula produtores a procurar novas áreas de plantio, só aceleram o processo. Vários alertas internacionais foram enviados a autoridades brasileiras para que providências mais firmes fossem adotadas. A destruição florestal, todos sabem, é uma chaga que leva décadas para ser apagada e as árvores centenárias do País são cada vez mais escassas. Metas de controle da ameaça poderiam ser estipuladas para cada Estado nos moldes da Lei de Responsabilidade Fiscal – como uma espécie de Lei de Responsabilidade Ambiental –, cuja pena mais uma vez estaria no volume de recursos distribuídos da União aos municípios. O engajamento no policiamento seria certamente mais eficaz, com resultados rápidos e concretos.