Começou um novo e poderoso jogo. No comando dos joysticks estão empresas como Sony, Sega, Nintendo e Microsoft. O objetivo: conquistar sua sala de estar e um mercado mundial estimado em US$ 20 bilhões ao ano. As armas: acesso à Internet, CD, DVD, gráficos mirabolantes e muita, muita diversão. A nova geração de videogames trocou os cartuchos por discos ópticos. Deixou de ser brincadeira de criança para transformar-se num poderoso eletrodoméstico. Com mais velocidade e capacidade de processamento que um bom computador, os novos consoles de games prometem entrar na sua vida com a velocidade de um raio.
A batalha é reservada para gente grande, já que a indústria do entretenimento envolve valores estupendos. No início da década de 90, eram necessários US$ 200 mil para o desenvolvimento de um joguinho para o console de último tipo, como o Genesis, da Sega, por exemplo. Dois anos atrás, produzir um game para os consoles Nintendo64, da Nintendo, ou PlayStation1, da Sony, chegava a consumir US$ 2 milhões. Agora, essa produção para o novíssimo PlayStation2 pode alcançar os US$ 4 milhões. Lançado no início do mês apenas no mercado japonês, o PlayStation2, ou simplesmente PS2, provocou furor. Em apenas dois dias, 980 mil unidades foram vendidas no Japão, a cerca de US$ 370. Dias depois do lançamento, um defeito verificado na placa de memória de alguns consoles foi o suficiente para derrubar as ações da Sony em 25%, no intervalo de uma semana.

O maior atrativo do PS2, além de tocar música de CD, filmes em DVD e, num futuro próximo, conectar-se à Internet, é sua capacidade de processar dados. O videogame de 128 bits vem com chip de 295 MHz e memória de 32 megabytes. Possui gráficos com definição nunca vista antes. A máquina pode, a cada segundo, exibir 20 milhões de pequeníssimos polígonos, figuras geométricas que formam as imagens em terceira dimensão.

As superfícies dos desenhos do PS2 são mais curvas e os detalhes saltam à vista. A lataria de carros de corrida, por exemplo, reflete as nuvens do céu, e os personagens têm expressões faciais perfeitas. Os projetistas da Sony trocaram o desenho pela captura de movimentos. Nessa modalidade de produção, colocam-se sensores em pessoas reais, cujos movimentos são filmados e depois digitalizados, dando mais realismo aos games em três dimensões.
Diante de mercado tão riquíssimo, a poderosa Microsoft não poderia ficar atrás. Na sexta 10, Bill Gates anunciou para o ano que vem o lançamento do X-Box, primeiro console de videogame da empresa. Equipado com um chip de pelo menos 600 MHz e disco rígido de oito gigabytes, a máquina promete exibir mais de 300 milhões de polígonos por segundo. Como o PS2, trará CD, DVD e acesso à Internet. A Nintendo, outra gigante do setor de games, está preparando o projeto Dolphin, console de 128 bits que deve suceder o Nintendo64, e será lançado no próximo ano.

Todas essas novidades, porém, ainda demoram para chegar às casas brasileiras. O lançamento do PS2 nos EUA está previsto somente para o segundo semestre deste ano. Ainda assim, seu sistema de leitura de DVD estará programado para reproduzir filmes gravados no sistema americano, e não no brasileiro. A Sony brasileira não tem sequer planos de produzir o console no País.
Até lá, o fanático por jogos pode se divertir com o primeiro supergame a superar a barreira dos 128 bits, o Dreamcast, da Sega, produzido no Brasil desde setembro do ano passado. Equipada com um processador de 200 MHz, a máquina pode produzir até 3 milhões de polígonos por segundo, o que já garante uma ótima qualidade de imagem. Até o segundo semestre, o aparelho, que também toca CD e custa R$ 900, poderá conectar-se à Internet usando um modem acoplado ao console. A navegação no Dreamcast será feita por meio de joystick ou por teclado e mouse comprados à parte. “Nada impede que a Sega lance uma nova versão com DVD”, diz Franco Consonni, diretor de marketing da Tec Toy, que produz os videogames da Sega no País. O final dessa corrida está distante – e os jogadores esperam uma batalha repleta de fortes emoções.