Só faltava essa. Depois das tatuagens, dos cinco brincos na orelha, dos piercings no nariz, língua, umbigo, pálpebras e genitália, a moda agora é adornar a dentadura com jóias de ouro ou pedras. Para a tribo dos que adoram ser diferentes do resto dos mortais, ter uma estrelinha ou diamante incrustados no canino é simplesmente o máximo. O piercing dentário começa a conquistar as bocas brasileiras e mostra que o sorriso metálico – eterno objeto de complexo dos adolescentes que usam aparelhos ortodônticos – também tem seu charme.

Considerado um outsider pelos amigos, o dentista Eduardo Rodrigues, o Duda, 40 anos, coloca piercing em seus dentes e no dos outros. Quando a moda era fazer o tipo beatle engomadinho, curtia exibir o corpo tatuado pelo irmão Tyes e tirar onda numa moto com a gang hell’s angels. Duda ganhou do irmão um pequeno diamante e não sabia o que fazer com ele. “Resolvi exercitar meus conhecimentos de dentista e usar no dente”, conta. A idéia fez tanto sucesso que Duda já incrustou mais de 100 pedras em bocas das mais diferentes idades. “Tive de desenvolver uma técnica específica de incrustação de jóias nos dentes, já que não se aprende isso na faculdade”, explica. Segundo ele, as pedras devem ter no máximo 6 pontos e em média 2 mm de profundidade. “Basta fazer um pequeno orifício no local e encaixar a jóia”, afirma.

Crianças também aderiram à mania. Priscila Ramos Ribeiro, nove anos, exibe satisfeita um sorriso com uma estrelinha. Ela viu os piercings dentários numa revista e adorou. O pai aprovou a idéia com restrições. “Ele disse que só deixaria colocar um piercing que não estragasse o dente”, conta Priscila. Ela optou pelos twinkles, pequenas jóias de ouro desenvolvidas pela empresa sueca Echodent, representada no Brasil pelo Instituto de Saúde Oral, do Rio de Janeiro. A grande vantagem dos twinkles é que eles não causam danos. São colados ao dente, num procedimento igual ao utilizado para colar os bráquetes (placas de metal) de aparelhos ortodônticos. E o cliente pode retirar a jóia quando quiser. “Em tempos de tatuagens e piercings que deixam o corpo marcado por toda a vida, os twinkles são uma ótima alternativa”, afirma Kent Säfströn, proprietário da Echodent.

Outro que aderiu à moda foi o campeão brasileiro de jiu-jítsu Sandro Rabello. “Vou lançar esse visual no jiu-jítsu”, aposta o lutador, que, além da gotinha de diamante no canino, também tem 50 tatuagens espalhadas pelo corpo. “Meus amigos acharam maneiro e minha noiva também aprovou. Não acho que isso afete minha masculinidade”, conta ele.

Quem quiser exibir um sorriso dourado ou prateado tem de preparar o bolso. Segundo Duda, as jóias podem custar entre R$ 100 e R$ 10 mil e o cliente ainda tem de pagar uma consulta para a colocação. As da Echodent são mais em conta. Os preços variam entre R$ 100 e R$ 400. “É caro para uma jóia tão pequena”, reconhece Rabello. Mas há um consolo. Tanto a técnica de Duda quanto os twinkles são indolores. Dor mesmo, só no bolso.