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 A dois meses dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi, na Rússia, as relações entre americanos e russos passam por um novo período de frieza. Em meio a um clima desfavorável aos homossexuais no país-sede, onde os gays estão sujeitos a multas de até US$ 3 mil por organizarem paradas e manifestações, entre outras medidas restritivas, o presidente Barack Obama deu um recado nada sutil ao presidente russo, Vladimir Putin. Obama, que já se declarou a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, anunciou que enviará duas ex-atletas gays na delegação dos Estados Unidos para as cerimônias de abertura e encerramento do evento.

Hábil em desviar a atenção de Obama para si (como fez quando costurou um acordo sobre armas químicas com a Síria), Putin está tentando melhorar a imagem do país. Na quinta-feira 19, o presidente russo sancionou uma anistia geral em comemoração dos 20 anos da Constituição. A lei beneficia presos que ganharam as manchetes no mundo todo, como as duas integrantes do grupo punk feminista Pussy Riot presas desde 2012, e os 30 ativistas do Greenpeace acusados de vandalismo em setembro, entre eles a brasileira Ana Paula Maciel, além de Mikhail Khodorkovsky, detido sob a acusação de lavagem de dinheiro e que chegou a ser o homem mais rico do país. Um artigo do jornal britânico “The Guardian” classificou a anistia como uma “clássica jogada de marketing” de Putin. Entidades de direitos humanos estimam que 2 mil condenados sejam soltos, o que corresponde a menos de 2% da população carcerária russa.

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De olho na atenção que o país receberá em fevereiro, o presidente russo quer evitar um fiasco público. Assumidamente gays, a ex-tenista Billie Jean King e a ex-jogadora de hóquei Caitlin Cahow, ambas americanas, farão frente à Yelena Isinbayeva, bicampeã olímpica de salto em vara. Prefeita da principal vila olímpica de Sochi e embaixadora dos Jogos da Juventude de 2014, Isinbayeva considerou “desrespeitosa” a atitude de atletas que, durante o Mundial de Atletismo de Moscou em agosto, pintaram as unhas com as cores do arco-íris em apoio ao movimento gay e pediu discrição aos atletas homossexuais que forem competir no país. As declarações geraram protestos e só fizeram aumentar um movimento de boicote.

fotos: Alberto Estevez/efe;Saul Loeb/afp