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BENEFÍCIOS
Para o médico Machado, a revisão respeita as diferenças
naturais de pressão entre os grupos etários

O controle da pressão arterial elevada é um desafio mundial. Ela é o principal fator de risco para infartos e acidentes vasculares cerebrais, as maiores causas de mortalidade atuais. Nos Estados Unidos, apenas 50% dos hipertensos mantêm a pressão nos níveis certos. No Canadá, o país campeão em resultados, 70% alcançam os patamares recomendados. No Brasil, esse índice fica em torno de 20%.
Preocupados em melhorar a compreensão de médicos de todas as especialidades e da população sobre o manejo da pressão arterial, um grupo de 17 experts americanos divulgou, na semana passada, o novo consenso sobre os níveis seguros de pressão. O documento, que era aguardado desde 2007, foi publicado na edição online do “The Journal of the American Medical Association” (Jama) na quarta-feira 18.

A principal mudança é o alargamento dos limites considerados para pessoas acima de 60 anos. A partir de agora, o nível máximo aceito para esse grupo é de 150 mmHg para a pressão sistólica (o número mais alto). Antes, era de 140 mmHg. A pressão diastólica (o valor menor) foi mantida em 90 mmHg.

O aumento se deve a pesquisas bem consolidadas. “Um conjunto importante de evidências científicas está mostrando que idosos tendem a ter pressão mais elevada devido ao endurecimento das artérias natural da idade”, diz Carlos Machado, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Com a nova medida, milhares de pessoas que teriam indicação de tomar remédio para controlar pequenas elevações na pressão sistólica não precisarão usar comprimidos.

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 Para a faixa de idade entre 30 e 59 anos, não houve alterações: a pressão aceitável é aquela inferior a 140/90 mmHg. Essa determinação vai de encontro a uma ideia generalizada de que quanto mais baixa a pressão, mais protegido o indivíduo está de acidentes cardiovasculares. A revisão dos americanos não encontrou dados que dessem suporte a esse conceito. “Constatou-se também que faltam estudos mais aprofundados em populações abaixo dos 30 anos”, diz o cardiologista mineiro Marcus Malachias, diretor do Instituto de Hipertensão Arterial de Minas Gerais.

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Os autores do consenso americano também não encontraram informações substanciais para justificar metas mais baixas para os pacientes com hipertensão associada à doença renal crônica e diabetes. Por isso, estabeleceram uma recomendação que prevê níveis de menos de 140/90 mmHg inclusive para esse grupo. Antes, eles eram menores do que isso. “Essas orientações influenciarão as diretrizes brasileiras de hipertensão a serem publicadas em 2014”, afirma o cardiologista Luiz Bortolotto, de São Paulo. Em janeiro, ele assumirá a presidência do departamento de hipertensão da SBC e estará à frente da elaboração do consenso brasileiro.

foto: Rogerio Albuquerque


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