A polícia costuma dizer que ladrão de banco passa a mão em um milhão e consegue fugir, mas amanhã acaba preso roubando um centavo. O britânico Ronald Biggs, apelidado de o “ladrão do século” pelo assalto que fez em 1963 a um trem pagador na Grã-Bretanha, saiu completamente dessa regra: ele pegou a parte que lhe cabia nos 30 milhões de libras que sua quadrilha furtou do trem pagador, foi logo preso, fugiu da cadeia, passou por diversos países e aportou no Rio de Janeiro, onde casou, teve filho e viveu por 31 anos. Nunca mais pegou um alfinete sequer de alguém. Tornou-se, assim, apesar de não deixar de ter sido um criminoso, uma figura no mínimo folclórica e singular. Aqui no Brasil sobreviveu com o que foi restando do produto do roubo e ganhou a vida escrevendo livro, participando de filmes e cobrando por entrevistas, autógrafos e fotos, tiradas com suas fãs. Com a saúde debilitada, ele voltou à Grã-Bretanha em 2001 e ficou preso até 2009. Morreu lá na quarta-feira 18, aos 84 anos.