Os anos 90 viram o chamado turismo “de aventura” crescer como bolha assassina. Este turismo é aquele em que as pessoas, geralmente vestidas com coletes da Banana Republic, vão peregrinar pelas trilhas do Nepal, ver os ninhos das tartarugas marítimas na Costa Rica, fotografar os animais selvagens no Quênia, esquiar na Antártica ou morar numa árvore na Amazônia. As hordas de turistas que visitam estes lugares exóticos acabam levando também o perigo de estragar estas regiões ecologicamente frágeis. O Everest parece um depósito de lixo. Garrafas de plástico amontoam-se pelas praias tailandesas e pelos rios do Pantanal de Mato Grosso. Mas, para os habitantes locais, essa sujeira tem um lado bom, pois significa que tem gente gastando dinheiro na região e dando-lhes a esperança de uma vida menos miserável.

Este é um paradoxo que os eco-aventureiros terão de encarar cada vez com mais frequência. Para qual verde, afinal, eles devem dar seu apoio? Ao verde da natureza ou ao dólar? Mais turistas significam mais empregos, o que pode, por exemplo, salvar da devastação Amazônia, que desde 1970 vem sendo destruída por fazendeiros e garimpeiros e já perdeu um décimo da sua floresta – uma área do tamanho da França. Mas agora, graças ao turismo, a Amazônia está sendo vista por um ângulo diferente, não depredador – afinal, é por causa da selva tropical que os visitantes vão lá gastar dinheiro. “É uma alternativa para ganhar a vida: quem era caçador torna-se guia, o fazendeiro constrói uma pousada e vira hoteleiro e todos procuram preservar a natureza”, diz José Zuquim, da Ambiental Viagens e Expedições. E conclui: “Uma árvore em pé agora vale muito mais do que uma derrubada.”

Bonito, no Mato Grosso do Sul, é o grande exemplo de turismo ecológico no Brasil, com seus habitantes totalmente engajados na conservação da área. É um dos pontos de destino que mais atrai turistas. Segundo Zuquim, todo ano o turismo ecológico no Brasil dobra seu movimento, mas este ainda não chega a ser um segmento de massa capaz de causar impacto na natureza. “O melhor meio de prevenir isso é pela educação ambiental, começando pelas escolas.”
Os problemas encontrados vêm do fato de que não existe controle nem fiscalização. Qualquer pessoa pode escolher um destino e viajar até lá sozinho, prejudicando o lugar. Sim, existem viajantes malcomportados, mas felizmente é raro, de acordo com Zuquim. “O ecoturista bem preparado é um vigilante da natureza, que denuncia a poluição e a devastação quando as encontra.” Calcula-se que mais de US$ 800 bilhões são gastos anualmente para construir ou reformar instalações turísticas ao redor do mundo, e a World Tourism Organization estima que os turistas gastam US$ 425 bilhões por ano em suas viagens, o que torna essa indústria um dos principais setores da economia mundial.