Sérgio-Cabral.jpg

Há sete anos no cargo, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), culpou nesta quinta-feira, 12, as "décadas de abandono" pelas enchentes e mortes causadas pelas chuvas na Baixada Fluminense, além das prefeituras pela ocupação irregular das áreas de risco. Após reunião com sete secretários estaduais e dez prefeitos da Baixada, no quartel dos bombeiros de Nova Iguaçu, Cabral foi interpelado por um morador do município. Identificado como Adriano Naval, ele afirmou que nenhuma casa foi construída, nem nenhum morador da cidade foi reassentado após seis anos do Projeto Iguaçu de saneamento básico.

"Não é verdade. O Rio Iguaçu não passa só em Nova Iguaçu. A segunda fase é que vai atender agora o município de Nova Iguaçu", contestou o governador. Cabral não percorreu a pé áreas atingidas e, após receber um telefonema da presidente Dilma Rousseff, anunciou para esta sexta-feira, 13, uma reunião com o ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, no Centro Integrado de Comando e Controle.

Dois radares de alta precisão para previsão meteorológica anunciados pelo governo do Estado há mais de dois anos ainda não estão em operação. O Instituto Estadual do Ambiente (INEA) atribuiu o atraso à realização de uma licitação internacional e deu novo prazo para que os equipamentos, comprados por R$ 13 milhões, entrem em operação: março de 2014.

Governo cria gabinete integrado com prefeituras

Depois das fortes chuvas que deixaram três mortos e ao menos 8 mil desalojados no Rio de Janeiro, o governo do Estado anunciou a criação de um gabinete integrado na Baixada Fluminense para lidar com os efeitos do temporal. O órgão vai funcionar 24 horas no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), no centro da capital fluminense, e contará com representantes das prefeituras da região, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, e secretarias do Estado.

“Sabemos que temos que trabalhar juntos, pois sabemos o que vem por aí”, disse o governador Sérgio Cabral (PMDB), que em sete anos de mandato enfrentou ao menos três grandes desastres relacionados a chuvas: o deslizamento de uma encosta em Angra dos Reis, no Réveillon de 2009 para 2010, o desmoronamento do morro do Bumba em Niterói, em abril de 2010, e a tragédia das chuvas na região serrana, em janeiro de 2011, que terminou com milhares de mortos e um número ainda maior de desabrigados e desalojados.

Nesta quinta-feira a Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH) anunciou ainda que os moradores que perderam suas casas em decorrências das fortes chuvas terão direito ao aluguel social. O benefício, no valor de R$ 500, será pago por 12 meses, podendo ser prorrogado caso seja necessário, ou até que as famílias recebam novas moradias.

Para fazer o cadastro do aluguel as famílias precisam apresentar a original e cópia da identidade, CPF, comprovante de residência do imóvel afetado, laudo da Defesa Civil e o sumário social, cadastro realizado pela Secretaria de Assistência Social de cada município.

Em Bom Jesus de Itabapoana, um homem de 24 anos, identificado apenas como Reinaldo, foi encontrado morto e um menino de 12 anos está desaparecido. Segundo a Defesa Civil da cidade, dois carros passavam próximos a um rio que teve a ponte levada pela enxurrada entre os distritos de Calheiros e Rosal na noite de ontem quando foram levados pela correnteza.

Mais cedo, a prefeitura da cidade de Nova Iguaçu, que decretou estado de calamidade pública por conta das chuvas, confirmou a morte do pedreiro Martinho da Silva, 50 anos. Ele havia desaparecido na madrugada de terça para quarta-feira, no bairro Rodilândia, e teve o corpo encontrado no rio Botas, na altura do município de Belford Roxo. Além disso, o corpo de um rapaz de 18 anos foi encontrado em Belford Roxo, segundo informações da assessoria de imprensa da prefeitura da cidade.

As cidades de Nova Iguaçu e Japeri, que ainda se recuperavam do temporal da última quinta-feira, concentram a maior parte dos desalojados e decretaram estado de calamidade pública.

Em Nova Iguaçu, a prefeitura contabilizou até a noite de ontem 200 desabrigados e 900 desalojados nas 26 regiões mais críticas. Sete casas desabaram na cidade na madrugada desta quinta-feira. Segundo a Defesa Civil, as casas, localizadas em uma vila no bairro de Carmari, foram construídas sem estrutura e de forma conjugada. Ao menos quatro delas ficaram totalmente destruídas. As sete famílias que viviam no local foram alocadas nas casas de vizinhos e parentes.

Em Japeri, o número de desalojados subiu para 5 mil enquanto outras 42 pessoas estão desabrigadas, segundo a administração municipal.

Em Queimados, de acordo com dados da Defesa Civil, 1.987 pessoas estão desalojadas e outras 116 desabrigadas. Já na cidade de Mesquita há, de acordo com o governo do Estado, ao menos 50 moradores desalojados.

Segundo definição do Ministério da Integração Nacional, o grupo de desalojados é formado por pessoas que foram obrigadas a abandonar suas habitações de forma temporária ou definitiva em função de evacuações preventivas. Já os desabrigados são aqueles que tiveram a habitação afetada por dano ou ameaça de dano e que necessitam de novo abrigo fornecido pelo governo.