De férias, o nadador Fernando "Xuxa" Scherer alimentou as fofocas ao circular com Galisteu, Feiticeira, Suzana Werner. Ele jura inocência...

O telefone de Fernando Scherer, 24 anos, não pára de tocar. A cada cinco minutos alguém na linha quer saber se o “Xuxa” transou ou não com Adriane Galisteu, Suzana Werner, Joana Prado… O campeão de natação – eleito melhor nadador do mundo em 1998, mais de 70 medalhas no currículo – nega qualquer envolvimento, um flerte que seja, com cada uma das beldades. As fofocas só lhe renderam prejuízos. Perdeu patrocínio e levou um puxão de orelha dos empresários. Está proibido de sair à noite e aparecer ao lado de mulheres. Ao mesmo tempo que demonstra interesse em alimentar a imagem de campeão bom garoto, se sente seduzido pelo mundo artístico: investe, a partir do próximo mês, na vida de modelo e apresentador de um programa de esportes na tevê. Tudo graças ao título de ícone fashion da natação que angariou desfilando de sunga em passarelas e circulando na noite carioca, após voltar dos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg com quatro medalhas de ouro: 50m livre, 100m livre, revezamento 4×100 livre e revezamento 4×100 medley. O novo trabalho será conciliado com os treinos para as Olimpíadas de Sydney, em setembro de 2000. Em meio aos preparativos para sua volta a Miami, Xuxa se preocupava com o furacão Floyd. Por medo de ter a casa destruída, pediu aos amigos que retirassem, pelo menos, suas medalhas de ouro, guardadas cuidadosamente dentro de uma caixa de sapatos. O resto não tinha importância. Xuxa recebeu ISTOÉ na casa que divide com um amigo empresário no bairro de Jardim Paulista, em São Paulo. Ouvia um som techno em alto volume e não teve constrangimentos em exibir-se de cueca enquanto trocava de roupa para a sessão de fotos.
 

ISTOÉ – Você voltou do Pan com fama de namorador. O que houve?
Xuxa

As quatro medalhas de ouro que ganhei me deram um retorno de mídia muito alto. As pessoas queriam saber muito sobre o Fernando Scherer. Publicaram uma nota sobre mim e a Adriane Galisteu. Essa nota vendeu jornal. Depois do Pan, tentei dar uma relaxada. Saí à noite durante uma semana e meia. Começaram a me chamar de símbolo sexual e galã das piscinas. Meus empresários até me proibiram de sair à noite. Também não posso mais tirar fotos ao lado de mulheres. Estou evitando estar perto delas. Estou quieto dentro de casa. Essa história me fez perder dois patrocínios que estava buscando. Prejudicou minha imagem e perdi dinheiro. Quando namoro, sou sério e sou fiel. Se eu quiser arranjar uma namorada, essa fofoca pode atrapalhar. Também não quero que no futuro minha filha (Isabela, três anos) acompanhe essas coisas sobre o pai. Eu tinha direito de sair e fazer tudo. Ninguém tem de falar nada da minha vida. Quando eu tenho de treinar, eu treino, me dedico e o resultado esta aí. Mas falaram demais. Eu sou um cara normal, não sou esse ganharão que vive na noite. Esqueceram minhas medalhas de ouro para falar de mulher.

ISTOÉ – Falar de mulheres atrapalha a imagem de campeão?
Xuxa

 Estraga. Foi isso o que os patrocinadores disseram.

ISTOÉ – Eles não estão sendo muito rigorosos?
Xuxa

 Não. Eu acho que a imprensa foi muito idiota ao mentir e falar mal da minha pessoa.
 

ISTOÉ – Existe muita pressão dos patrocinadores, do tipo da que se especulou sobre o Ronaldinho, que teria jogado a final da Copa da França por pressão da Nike?
Xuxa

Não sei do caso dele, mas pressão existe. Já competi doente, não que o Flamengo tenha exigido, mas me senti na obrigação. Isto faz parte da vida profissional de qualquer atleta.

ISTOÉ – O que acha de ser chamado de destruidor de casamentos e “garanhão”?
Xuxa

 É horroroso. Não tenho de provar nada a ninguém. Não tenho de provar que sou homem, quem está comigo sabe se sou ou não, se beijo bem ou beijo mal. Se um casamento acaba, a culpa não é de quem está de fora. Nunca é o homem que conquista a mulher. Ele pode dar em cima, mas é a mulher quem dá liberdade.

ISTOÉ – O que houve entre você e a modelo Adriane Galisteu?
Xuxa

 Nada. Éramos amigos. Agora nem isso. Admiro-a como profissional e pessoa, mas não vou mais falar com ela. Atrapalha a minha imagem.

ISTOÉ – Vocês jantaram juntos três vezes. Não tem problemas em sair com mulheres casadas?
Xuxa

Nunca aconteceu de marido de amiga minha ficar “p” comigo. Não é só comigo que ela apareceu sozinha. Ela tem várias amizades. Sai com todo mundo. É uma pessoa pública. Sobrou logo para mim. Só porque eu ganhei as medalhas de ouro?
 

ISTOÉ – É possível haver fidelidade no casamento?
Xuxa

 Quando eu namoro sou fiel. Se eu não quiser estar com a pessoa, não vou namorar. No casamento é assim também. Meus pais são casados há 32 anos. Se você trai, significa que não está tão apaixonado, então, não tem sentido ficar junto. A traição acontece quando o casamento já acabou, já não está legal. Não fui eu quem acabou com o casamento deles. Pelo amor de Deus!
 

ISTOÉ – O que você acha de casais que expõem publicamente detalhes de sua separação, como fizeram Adriane Galisteu e Roberto Justus?
Xuxa

 Para mim, intimidade deve ficar entre quatro paredes. Mas não vou falar deles.

ISTOÉ – Você fica com muitas garotas ao mesmo tempo?
Xuxa

Não. Acho que uma é suficiente. Não preciso fazer coleção de beijo na boca. É difícil achar uma pessoa legal. Eu gosto de mulheres carinhosas, amigas e sinceras, e que não fiquem sentadas em casa, vivendo à custa do marido. De preferência têm de ser loiras e estar comigo pelo Fernando Scherer e não pelo nadador.

ISTOÉ – Você disse que tem sido muito assediado. Acha que é por causa das medalhas?
Xuxa

 Com certeza. Nos Estados Unidos e na Europa, eu nunca tive problemas com mulheres. Mas aqui o assédio é maior. É difícil saber o que uma garota realmente quer comigo porque já sou uma pessoa conhecida. Eu preciso conhecê-la melhor para saber se está comigo por interesse ou não. Por isso, até hoje só tive três namoros sérios. Um deles foi com a mãe da minha filha. O último durou um ano. Fiquei 1998 e 1999 sem namorar. Também não tenho muito tempo para conhecer ninguém mais a fundo.
 

ISTOÉ – Como se conquista uma mulher?
Xuxa

A beleza física é o de menos. As mulheres querem homens inteligentes, amigos, carinhosos e companheiros.
 

ISTOÉ – A lista de mulheres com quem você teria flertado é grande. Inclui a feiticeira Joana Prado e a modelo Suzana Werner…
Xuxa

 Com mulher famosa, não rolou nada. Estive com a Joana (a Feiticeira) na festa de aniversário do Luciano Huck. Conversei com ela e com um monte de gente. Pior é que não pedi telefone. Na verdade, não gosto de pedir telefone. Quanto a Suzana, fui gravar um programa com ela. Só isso.
 

ISTOÉ – Sexo antes das competições ajuda a ganhar medalhas?
Xuxa

 Sexo relaxa. Atividade sexual não tira energia. É óbvio que depende do jeito que você pratica. Não tem de provar nada para ninguém. Só relaxar. Sexo já me ajudou a relaxar, a não ficar preocupado com a prova e, no final, ganhar várias competições.
 

ISTOÉ – Os homens estão assustados com as mulheres?
Xuxa

Eu estou assustado com a imprensa no Brasil. Quando ganho medalha, a imprensa fala só dois ou três dias. As fofocas sentimentais ficam três semanas nos jornais. Por que não falam do meu lado bom? A imprensa brasileira não preserva os ídolos que tem. Se fala a verdade, ela expõe. Se mente, ela destrói o ídolo. A imprensa quer criar para derrubar. Eu sei que sem a imprensa não sou nada. Ela me ajudou a divulgar tudo o que eu fiz, mas tinha de me respeitar mais. As mulheres não me assustam. Elas têm mais é de ter liberdade e dar em cima porque tem muito homem tímido. Direitos iguais. Na cama, o segredo não é ser o melhor. É ser carinhoso. Nunca tive problemas. Quando transo, sei exatamente o que quero: dar e receber carinho.
 

ISTOÉ – O que em você seduz as mulheres?
Xuxa

 Pergunte a elas. Um dia uma mulher elogiou minhas pernas. Deve ser cega. Disse que elas eram lindas. Eu prefiro meus olhos e a boca.
 

ISTOÉ – Incomoda ficar careca tão jovem?
Xuxa

Claro que gostaria de ter cabelo. Mas não vou fazer nada. Caiu, caiu. Eu já raspo o corpo todo. Não ligo.
 

ISTOÉ – Você já jantou com Madonna em Miami. O que achou dela?
Xuxa

Fui de bicão. A mulher de um amigo, que é modelo nos EUA, foi a um jantar com a Madonna e o Bruce Willis. Fui junto. Isso aconteceu numa boate em Miami, no início do ano. Ela nem sabia que eu era brasileiro. É simpática e bonita. Eu não falava nada. Estava cheio de vergonha. Não rolou nem papo. Tá louco? Estava acompanhada de seguranças. Queria bater foto com ela, mas não tive coragem de pedir.
 

ISTOÉ – Como você vai se preparar para as Olimpíadas de Sydney?
Xuxa

Começo a treinar agora em Miami, com oito a nove horas diárias na piscina. Vai ser a mesma rotina de antes, um pouquinho mais puxado.
 

ISTOÉ – Quanto você nada por dia?
Xuxa

 De 10 mil a 15 mil metros.
 

ISTOÉ – Qual resultado você espera obter nas Olimpíadas?
Xuxa

 Eu vou treinar para o ouro. Mas não é assim tão fácil. Seria muito importante pegar uma medalha de novo nas Olimpíadas. Nos 50 metros livres eu não sou o favorito, estou com o sétimo tempo do mundo, bem longe dos outros. Nos 100 metros livres, eu tenho o quarto tempo do mundo. Só que há grandes adversários, como Alexander Popov, da Rússia, Gary Hall, dos Estados Unidos, e Michael Klin, da Austrália.
 

ISTOÉ – O que você pensa quando está numa prova?
Xuxa

 Eu penso antes, na parte técnica, em como chegar ao bom resultado. Faço a prova toda. Imagino a saída, o nado embaixo da água, a braçada, a virada, o ritmo de braçada por minuto. Mas na hora fico mentalizando: “Agora, não posso pensar, agora não posso pensar. Vamos, vamos…”
 

ISTOÉ – E quando ganha?
Xuxa

 Aí é maravilhoso, não sei nem o que está acontecendo.
 

ISTOÉ – O Gustavo Borges decepcionou no Pan?
Xuxa

 Não. Ele conseguiu três medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze. Nadou seis provas e ganhou cinco medalhas, bateu recordes sul-americanos. Não venceu os 50 metros e os 100 metros livres porque eu estava num melhor dia. Não dá para cobrar do Gustavo um grande resultado a toda hora ou em toda competição. No Pan, alguma coisa não estava tão bem, ele sabe que poderia ter ido muito melhor, mas nem sempre você está no seu melhor dia. Todo mundo tem de ter um pouco mais de respeito com ele e com os atletas em geral no Brasil. Não se pode falar em fracasso. A frustração do atleta é muito maior do que a cobrança.
 

ISTOÉ – Depois das Olimpíadas de Atlanta, você se afastou por muito tempo da natação. Por quê?
Xuxa

 Eu parei de nadar e acabei com minha carreira. Fiquei seis meses sem competir, treinar ou fazer exercícios. Tinha desanimado. Muito desgaste psicológico, cobrança. Perdi patrocínio, apesar da medalha de bronze. Achei que não valia a pena continuar com os sacrifícios musculares, a distância da família. Viajei para a Europa e fui trabalhar com meu pai em construção civil. Voltei porque senti saudades de competir de novo.
 

ISTOÉ – Você vai parar depois de Sydney?
Xuxa

Não. Quero ir até 2008. Mas tudo depende da motivação, da parte financeira, da cabeça.
 

ISTOÉ – Você vai parar depois de Sydney?
Xuxa

Não. Quero ir até 2008. Mas tudo depende da motivação, da parte financeira, da cabeça.
 

ISTOÉ – Quais são seus projetos fora das piscinas?
Xuxa

 Eu estou com um contrato com a agência de modelos Next para fazer desfiles em Milão, fotos para revistas de moda… Estudo ainda as propostas de três redes de televisão para ter um programa ligado ao esporte, mostrando o lado humano das pessoas, que eu gosto e quero mostrar. Devem ser entrevistas com atletas e celebridades. Quero usar os meus dias de folga, as quartas-feiras à tarde e os domingos, para gravar o programa lá mesmo em Miami. Tenho ainda uma empresa de construção civil em Florianópolis com o meu pai, uma boate em São Paulo e até o fim do ano que vem pretendo abrir uma academia de natação. Tudo vai ser conciliado com o meu calendário de treinos, pois a natação é a prioridade.