Quando no sábado 11 os radares do serviço de meteorologia americano captaram todo o espectro do esperado furacão Floyd, parecia que boa parte do mundo iria acabar. "Era como se os artistas de efeitos especiais comandados por George Lucas tivessem produzido digitalmente o fenômeno", diria a ISTOÉ o analista Steve Konviser, do National Hurricane Center, em Miami. O monstruoso vórtice não era fruto da imaginação de Hollywood: vinha embalado com ventos de até 238 quilômetros por hora, trazendo muita chuva e provocando ondas de oito metros de altura. Sua extensão era de 1.020 quilômetros – superfície maior do que a do Estado da Flórida. Mas na sexta-feira 17, quando os céus abriram e o sol apareceu desde Miami até as praias da Nova Inglaterra – no Nordeste dos Estados Unidos –, todo o episódio voltava a parecer uma história de cinema com final feliz.

Mas, nesse meio tempo em que Floyd esteve nos radares meteorológicos, as emoções provocadas fariam inveja a Lucas & companhia. No começo da semana passada, o furacão atingiu as Bahamas. Nivelou vilarejos, transformou resorts de luxo em escombros, carregou navios de médio porte e deixou dois mil desabrigados, além de 12 mortos.

Desde Miami até Jacksonville – ao norte do Estado –, os estoques de pranchas de madeira para proteger as janelas dos imóveis terminaram. Esvaziaram-se também todas as reservas de geradores elétricos, água em garrafões e alimentos não-perecíveis. Até a Disneyworld – pela primeira vez em sua história – fechou as portas. E houve razões para tal paranóia. Há sete anos aterrissou na Flórida o furacão Hugo, outro da supercategoria quatro, (o mais alto índice é cinco), causando danos de US$ 10 bilhões.

Quando a Flórida esperava receber um direto no queixo, Floyd apontou suas baterias de vento para as Carolinas, do Sul e do Norte. Na quarta-feira 15, temia-se que preciosidades históricas como Savannah, na Geórgia, e Charleston, na Carolina do Norte, fossem desaparecer do mapa. O presidente Bill Clinton encurtou sua viagem à Nova Zelândia e declarou estado de emergência na Costa Leste. As autoridades locais ordenaram a evacuação da população: dois milhões de pessoas saíram da orla, do norte da Flórida ao sul da Virgínia.

Existe uma chance em 500 de um furacão com ventos de mais de 200 quilômetros atingir Nova York. O prefeito Rudy Giuliani sabia disso. Floyd chegaria a Big Apple como "Tempestade Tropical" – com ventos de até 100 quilômetros e um aguaceiro pesado. Mesmo assim, ele resolveu cancelar as aulas nas escolas públicas. "É preferível ser precavido do que arrependido", disse.

Floyd serviu mais como um espetáculo de televisão do que como superprodução de cinema. Causou estragos e aborrecimentos – especialmente para aqueles que enfrentaram 170 quilômetros de congestionamento nas auto-estradas. Mas felizmente não foi apocalíptico. Floyd começou como uma explosão e acabou como um sussurro.

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