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Os antidepressivos são os remédios mais consumidos nos Estados Unidos, conforme levantamento feito recentemente pelo Centro de Controle de Doenças daquele país – por ano, são engolidos 118 milhões de comprimidos. Isso é mais do que o total de drágeas prescritas para controlar o colesterol ou a pressão alta. Embora em menor escala, o aumento na indicação desses medicamentos também ocorre no Brasil e boa parte desse crescimento se deve ao uso mais versátil desses remédios. Em doses menores do que as empregadas contra a depressão, eles têm sido receitados para tratar a obesidade, a insônia, a tensão pré-menstrual e a enxaqueca, entre outras doenças. Essa ampliação de repertório é conseqüência de um grande investimento em pesquisas. "Os estudos estão abrindo novas perspectivas para tratar doenças relacionadas com alterações nos neurotransmissores, substâncias que levam mensagens entre as células do cérebro", diz Luís Altenfelder, professor de psiquiatria da Universidade de São Paulo.

 

 

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O efeito contra a ejaculação precoce foi confirmado por um levantamento da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos. O trabalho revelou que alguns antidepressivos aumentam entre três e quatro vezes a duração da relação sexual. O benefício é decorrente da diminuição da libido, um dos efeitos colaterais desse grupo de substâncias – a menor excitação prolonga o intervalo entre o início da relação e a ejaculação. O acompanhamento da ação de diferentes tipos de antidepressivos tem ajudado os especialistas a selecionar os remédios certos para novas aplicações, como no tratamento da insônia.

 

 

 

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"Em oito anos, a indicação dos que oferecem efeito sedativo subiu mais de 150%, contra 50% de queda dos remédios com ação hipnótica, que eram os mais usados. É a nova moda", diz Dalva Poyares, neurologista e professora da disciplina do sono da Universidade Federal de São Paulo. Pertencem a esse grupo a doxepina e a trazodona. Os avanços da medicina do sono mostraram que a insônia abre caminho para o aparecimento da depressão e vice-versa.

 

 

 

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As pílulas multiuso são uma arma poderosa contra as dores crônicas, categoria na qual se enquadra a enxaqueca. "Elas agem nos neurotransmissores serotonina e noradrenalina, melhorando a atividade do sistema nervoso, responsável pelo controle da dor", diz o psiquiatra Orestes Forlenza, do Laboratório de Neurociências da Universidade de São Paulo. Os distúrbios do apetite também estão na lista das novas atribuições. "A bupropiona, usada no tratamento do tabagismo, ajuda a controlar a compulsão por alimentos e por doces", diz a endocrinologista Maria Fernanda Barca, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Em seu consultório, 40% dos pacientes recorrem a essas drogas para ajudar na perda de peso.

 

 

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A utilização mais abrangente dos antidepressivos é positiva, mas o exagero nas prescrições já preocupa. "Vejo isso como uma forma de ampliar a venda de remédios", diz a ginecologista e obstetra Tânia das Graças Santana, de São Paulo. "Os especialistas precisam usar critérios muito bem definidos para fazer o diagnóstico, afinal todo remédio tem benefícios e riscos."

 

 

 

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Realmente, antidepressivos possuem diversos efeitos colaterais, alguns conhecidos e outros em estudo, como as chances de elevar a perda da densidade mineral óssea e facilitar as quedas de pessoas com mais de 50 anos. "Para usufruir as boas ações e evitar contratempos, os pacientes devem seguir à risca as orientações do médico e comunicar rapidamente qualquer sintoma", diz o psiquiatra Forlenza