REX FEATURES/GRUPO KEYSTONE

Na Prada, Linda Evangelista, 43 anos, desbancou top de 22 anos

 

A era das supermodelos acabou no final dos anos 90 – sim, Gisele Bündchen é uma exceção. Mas os rostos a estampar as recentes coleções de grandes grifes de moda estão suscitando uma certa nostalgia do tempo em que tops como a alemã Claudia Schiffer dominavam as páginas das revistas de moda do mundo.

Mais de uma década depois, as beldades que toda mulher com mais de 30 anos já quis ser – e todo homem sonhou ter ao lado – estão voltando à cena. Mais velhas, e bonitas como nunca. O maior exemplo é a canadense Linda Evangelista. Aos 43 anos, a modelo, que nos anos 80 cunhou a frase “não levanto da cama por menos de US$ 10 mil por dia”, será o novo rosto da marca italiana Prada. Linda destronou a russa Sasha Pivovarova, 21 anos mais jovem, e deve estrelar a próxima coleção de outono da grife. Dona de um rosto versátil, ela foi personagem freqüente em diversas campanhas da década de 90, muitas delas ao lado das tops Christy Turlington e Naomi Campbell – na época o grupo ganhou o apelido de “The Trinity” (do inglês, A Trindade).

Hoje, as outras duas divindades da tríade – não poderia ser diferente – também estão estrelando campanhas de fôlego. A americana Christy Turlington, 39 anos, ilustrou a coleção primavera- verão da marca alemã Escada, enquanto a inglesa Naomi, 38, aparece no mais recente catálogo da francesa Louis Vuitton ao lado de duas modelos jovens e de outros três nomes de peso de sua geração: Claudia Schiffer, 38, a tcheca Eva Herzigova, 35, e a americana Stephanie Seymour, 39. “Marc Jacobs (o diretor artístico da marca) estava buscando ícones fashion para ilustrar os produtos, por isso escolheu estes rostos”, esclarece Patrícia Romano, gerente de relações públicas da Louis Vuitton no Brasil, salientando que a idéia de juntar tantas profissionais experientes não foi uma jogada de marketing para conquistar consumidoras mais velhas. O resultado, no entanto, pode ser justamente este.

EDU LOPES

Com 45 anos, Luiza Brunet é exceção entre as brasileiras

 

Usar modelos maduras para vender produtos não é nenhuma novidade. Desde o mal-estar causado com a substituição, em 1996, da atriz Isabella Rosselini como o rosto da Lancôme, a indústria de cosméticos entendeu a importância de usar a imagem de mulheres mais velhas para atingir esse público. Na época, falou-se, a decisão da empresa de trocá-la por uma mais jovem teria sido motivada pela idade “avançada” de Isabella, então com 44 anos. Ironicamente, o mesmo período marcou o desenvolvimento da tecnologia em tratamentos cosméticos para mulheres com mais de 35 anos. Atentas a esse novo e milionário filão, as marcas passaram, então, a incluí-las em suas campanhas.

A volta da geração anos 90 em coleções de grifes famosas pode ser vista como uma tentativa de trilhar o mesmo caminho. Se há uma década elas eram exemplos de beleza e glamour, hoje seguem com uma aparência jovial e já se estabeleceram como figuras de sucesso. Daí a aposta das grifes. “As pessoas que compram essas roupas não se identificam com as meninas etéreas e abstratas dos desfiles. São mulheres de classe média alta, na faixa dos 40 anos”, avalia a empresária e consultora de moda Costanza Pascolato.

No Brasil, um mercado que exporta beldades cada vez mais jovens para as passarelas internacionais, a longevidade de modelos como Luiza Brunet, que aos 45 anos segue desfilando para marcas conhecidas, é rara. “Eu gosto mais de comprar uma roupa quando vejo uma mulher interessante vestida com ela. E essas modelos com mais de 30, até mais de 40, passam verdade”, diz Luiza. Como a moda é cíclica, espera-se que ao menos essa tendência dure mais do que uma estação.

EDU LOPES

Aos 38 anos, La Schiffer está em catálogos da Chanel e da Louis Vuitton