Pais, preparem seus bolsos. Essa semana começa a chegar às lojas de todo o País uma nova geração de videogames. É o Sega Dreamcast, o primeiro console de 128 bits. Para quem não entende informatês, esse número estranho quer dizer o seguinte: o Dreamcast é bem mais rápido que seus dois concorrentes. A Sega, lanterninha no mercado de games, criou um console com desempenho quatro vezes superior ao do líder, o Sony PlayStation, e duas vezes mais rápido que o vice-líder, o Nintendo 64. Não bastasse a comparação com os outros consoles, a performance multimídia do Dreamcast faz um PC acelerado pelo chip Pentium II comer poeira, literalmente. O produto da Sega é quatro vezes mais veloz. Lançado no final de 1998 no Japão, até maio o Dreamcast havia sido comprado por um milhão de adolescentes apaixonados por mangás e jogos ultraviolentos. Em 9 de setembro foi a vez de o equipamento desembarcar nos EUA. Fanáticos fizeram fila nas portas de lojas do Vale do Silício para desembolsar US$ 199 e ter o privilégio de estar entre os primeiros a testar os poderes do console. Num único final de semana, 300 mil deles passaram pelas registradoras. Até o Natal, a Sega espera ver o Dreamcast em um milhão de lares americanos. Tamanho sucesso obrigou a Sony a mostrar a cara do PlayStation2, que só desembarca nos EUA no Natal de 2000 (e em 2001 no Brasil). É uma máquina de 128 bits e unidade de DVD-ROM que promete alavancar as emoções dos gamemaníacos a novas alturas. De olho na concorrência, a Nintendo promete para 2001 uma geração de videogames ainda superior: a Dolphin, com 256 bits.

"Toda vez que surge um novo console há um crescimento brutal do mercado", afirma Franco Consonni, diretor de marketing da Tec Toy, distribuidora da Sega no País. "Os concorrentes reservam grandes projetos para 2000 e 2001. Mas agora somos nós!"

Entre as novidades que o Dreamcast traz para o universo dos games destacam-se um assessório que faz o joystick vibrar nas mãos, intensificando as sensações vividas pelo jogador, e um leitor de GD-ROM (Giga Drive ROM), CDs com capacidade para armazenar um megabyte de dados. Mas o maior destaque fica para o modem 56k que permite ao jogador enfrentar adversários via Internet. Infelizmente, esse dispositivo só estará à disposição do consumidor brasileiro no Natal.

Consonni quer vender 20 mil consoles até dezembro e 100 mil em 2000. Não será fácil. Na era pós-desvalorização, o Dreamcast chega às lojas por R$ 900, uma paulada no bolso de qualquer família de classe média. Sem falar no preço dos games. Os dez títulos que estarão à venda em outubro custarão entre R$ 120 e R$ 140. Até dezembro, garante Consonni, o total de títulos chega a 20. Nos EUA, serão 30, ainda muito pouco em relação aos mais de 600 à disposição dos adeptos do PlayStation.

Diversão programada

Não estranhe se a partir de outubro você for visitar um casal de amigos e um robô feito pelas crianças surgir no meio da sala. É que a Lego, fabricante dos tradicionais tijolos de armar, estará vendendo no Brasil seu sofisticado robô Mindstorms, desenvolvido no badalado Laboratório de Mídia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Lançado nos EUA e na Europa no Natal de 1998, o Mindstorms tornou-se um fenômeno de vendas, adquirido por dezenas de milhares de adolescentes, bem como por seus pais. São mais de 700 peças, entre motores, sensores e engrenagens, além do cérebro das futuras geringonças: um tijolo amarelo do tamanho de uma barra de chocolate chamado RCX, um computador compacto e programável. Ele serve de base para o acoplamento das peças.

Pode-se fazer dez projetos diferentes, cujas dicas de montagem vêm num manual. Mas o Mindstorms pode assumir tantas formas quantas se puder imaginar. Definido o projeto e montado o robô, ele começa a se mover comandado por um PC rodando o programa RoboLab. Este se comunica com o RCX por raios infravermelhos. Nos EUA, toda essa parafernália custa US$ 200. Já no Brasil, o preço sugerido é R$ 600.