A farsa imposta à sociedade brasileira, nos últimos 18 anos, de que o atentado do Riocentro foi praticado por grupos de esquerda acaba de ser anulada pelo Exército e pela Justiça Militar. Oficiais que prestaram depoimento no segundo Inquérito Policial Militar (IPM), ainda em andamento, já confirmaram que o atentado foi praticado por radicais do DOI-Codi do Rio, do qual participavam o sargento Guilherme Rosário, morto na explosão de uma bomba no Puma em que estava com o capitão (hoje coronel) Wilson Machado. Está comprovada a conivência da alta hierarquia do antigo regime com a mentira. O relatório apresentado em julho de 1981 pelo coronel Job Lorena vira peça de folclore. O coronel Tarciso Nunes Ferreira, que não aceitou a versão de Job, disse que a entrevista do juiz Edmundo Franca de Oliveira a ISTOÉ, em que afirmou que foi pressionado pelos generais Walter Pires e Octávio Medeiros para arquivar o processo, comprometeu a legitimidade do relatório de Job. “A coação tirou a validade do ato do magistrado”, disse o militar.

O juiz, que é presidente da Asso-ciação dos Magistrados da Justiça Militar, permanece na ativa. Para o coronel Tarciso, “ficou evidente que houve um acordo de personalidades in-fluentes para abafar o caso”. Outra versão falsa, de que o então comandante do I Exército, general Gentil Marcondes Filho, não participou da montagem da farsa, também é derrubada pelo coronel. “Ele teve um papel na armação daquele relatório.”


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