Depois de mais de duas décadas de abandono, um dos prédios mais importantes e históricos do País volta a ganhar vida. O edifício, construído no Rio de Janeiro em 1922, que abrigou o lendário Cassino da Urca. Foi palco das primeiras apresentações de Carmen Miranda no final da década de 30 e passará por uma completa restauração. Ele será transformado na sede carioca do Instituto Europeu de Design (IED), criado há 40 anos em Milão e referência mundial na área. Além de ter sido o berço do teatro musical nacional, entre 1933 e 1946, o prédio abrigou também o Hotel Balneário (1922 a 1933) e foi sede da primeira emissora de tevê brasileira, a extinta Tupi (1953 a 1980). “É um lugar cheio de história. Foi uma escolha emocionante”, afirma o italiano Stefano Paschina, diretor-geral do IED. A instituição fechou um acordo com a Prefeitura do Rio que prevê a cessão de uso por 25 anos, renovável por mais 25, em troca da revitalização. A última promessa de restauração do antigo cassino, que seria transformado em museu, não vingou no ano passado.

A inauguração da primeira etapa da escola carioca está prevista para fevereiro de 2008. Será um árduo trabalho recuperar o prédio com características predominantes do estilo neoclássico, já que somente a parte externa é tombada pelo município. Ele está completamente destruído internamente, com exceção do teatro, onde aconteciam as memoráveis noites de baile e brilharam estrelas como Virginia Lane, Grande Otelo, Dick Farney, Marlene, Emilinha Borba e Dalva de Oliveira. Esse espaço se encontra em estado precário de conservação. O arquiteto gaúcho Ado Azevedo, que tem mestrado em design no IED de Milão, é o responsável pelo projeto. “O desafio será o de recuperar o esplendor que o edifício ainda ocupa no imaginário carioca”, diz ele. O investimento para o renascimento do espaço de seis mil metros quadrados deve girar em torno de R$ 15 milhões, segundo estimativa da prefeitura.

A Urca será a segunda unidade do instituto europeu no País. Em 2005, São Paulo ganhou uma filial que tem a moda como foco. Paschina aposta na escola do Rio como um celeiro de tendências inovadoras no design e também compara a futura filial com os prédios do IED em Milão e Barcelona. “Por causa do apelo turístico e criativo do Rio, a sede carioca será internacional como a de Milão e a de Barcelona. Esses lugares têm mais alunos estrangeiros do que locais”, explica. O Instituto Europeu de Design está presente em 85 países e já formou 55 mil pessoas. O apelo da Cidade Maravilhosa conquistou Stefano há três anos. Hoje ele também comemora a possibilidade de passar parte do ano trabalhando no Rio.