Os verdadeiros democratas são dotados de uma qualidade essencial: respeitam a divergência de pensamento. Foi essa a lição dada pelos protagonistas da 14ª edição dos prêmios “Brasileiros do Ano”, “Empreendedor do Ano” e “Personalidade do Ano”, concedidos pela Editora Três para homenagear os personagens que mais se destacaram, em 2013, nos campos político, social, econômico, cultural e esportivo. Realizado na segunda-feira 2, no Citibank Hall, em São Paulo, o evento reuniu, no mesmo palco, dois presidenciáveis que estarão em palanques opostos nas eleições do ano que vem: o senador pelo PSDB Aécio Neves e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB. Os políticos dividiram os microfones com três mulheres, de três gerações diferentes, que simbolizaram os milhões de brasileiros que fizeram história ao ir às ruas, em junho passado, gritar por um país melhor. Em seu discurso de abertura, o presidente executivo da Editora Três, Caco Alzugaray, salientou que 2013 foi um ano de profundas mudanças para o Brasil. “Uma nova voz veio das ruas para fazer pedidos justos”, disse. “Talvez levemos tempo para entender o que os protestos significaram, mas por causa deles saímos fortalecidos como nação democrática.”

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"O que encontramos hoje é desalento e descrença,
especialmente das novas gerações"

Aécio Neves, senador (PSDB – MG)

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Caco Alzugaray, presidente executivo da Editora Três, e as manifestantes homenageadas como
Brasileiros do Ano: Maitê Peres (à esq.), Marita Ferreira e Márcia Trinidad

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“Vivemos um tempo em que a política precisa
melhorar muito para melhorar o Brasil”

Eduardo Campos, governador de Pernambuco

 

Eleitos “Brasileiros do Ano” pela ISTOÉ, os manifestantes foram representados pela aposentada Marita Ferreira, 82 anos, pela psicóloga Márcia Trinidad, 44 anos, e pela universitária Maitê Peres, 21. “Saímos às ruas porque compreendemos que direitos não caem do céu, mas são obtidos por meio da manifestação popular”, disse Márcia. Escolhido “Brasileiro do Ano na Política”, o senador Aécio Neves fez um discurso incisivo. “O que encontramos hoje é desalento e descrença, especialmente das novas gerações”, afirmou Aécio. “Temos que destruir essa ideia anacrônica que se pode construir um país dividido entre nós e eles. Temos que fazer um Brasil onde todos sejam nós.” Vencedor na categoria “Brasileiro do Ano – Revelação na Política”, Eduardo Campos homenageou o governador de Sergipe, Marcelo Déda, falecido na semana passada, vítima de câncer, e falou em tom de mudança: “Vivemos um tempo em que a política precisa melhorar muito para melhorar o Brasil.” Mais uma prova de que a premiação foi uma verdadeira celebração à democracia, Ricardo Lewandowski, ministro do Supremo Tribunal Federal, também marcou presença. “Este é um evento que reconhece aqueles que contribuem decisivamente para o sucesso desta nação.”

Outra demonstração da vocação democrática do evento foi dada pelo humorista Fábio Porchat, que, com a trupe Porta dos Fundos, renovou o humor nacional e virou fenômeno da internet. “Brasileiro do Ano em Novas Mídias”, Porchat fez uma provocação. “Ano que vem é eleição e a gente vai fazer bastante humor”, avisou, para imediatamente lançar um olhar ameaçador para os políticos presentes. Realizada em conjunto pelas revistas ISTOÉ, DINHEIRO e GENTE, a cerimônia também premiou o técnico da Seleção, Luiz Felipe Scolari, “Brasileiro do Ano nos Esportes”. Felipão mostrou confiança no título mundial na Copa de 2014. “Não somos o Brasil apenas na Copa do Mundo, somos o Brasil sempre”, disse o técnico. “Isso é importante para sermos campeões em 2014. E seremos.”

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Do mundo empresarial, compareceram os seguintes homenageados pela revista DINHEIRO: Joesley Batista, presidente da JBS-Friboi e eleito o “Empreendedor do Ano”; Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil e “Empreendedor do Ano nas Finanças”; Flávio Rocha, presidente da Riachuelo e “Empreendedor do Ano no Varejo”; além de Marcio Kumruian, fundador e presidente da Netshoes e agraciado com o prêmio de “Empreendedor do Ano na Tecnologia”. Também estiveram presentes Luiza Helena Trajano, presidente do Magazine Luiza; Marcelo Odebrecht, presidente do grupo Odebrechet; Antonio Carlos Valente, presidente da Telefônica/Vivo; José Carlos Grubisich, presidente da Eldorado; Rômulo Dias, presidente da Cielo; João Appolinário, presidente da Polishop; e muitos outros empreendedores e executivos.

Em seu pronunciamento, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, lembrou que 2013 tem sido difícil e desafiador. “Iniciamos o ano lutando contra a inflação e o mau humor de parte do mercado”, disse Mantega. “Tivemos ainda que lidar com a turbulência mundial, gerada pela especulação de compra de ativos por parte do Fed (o Banco Central dos EUA).” Antevendo os resultados do PIB do terceiro trimestre, que um dia depois do evento foram divulgados e mostraram uma queda de 0,5% na comparação com o trimestre anterior, Mantega disse que a economia vai “voltar a crescer no quarto trimestre”. O otimismo do ministro da Fazenda é baseado nos leilões de concessões para a iniciativa privada. No caso do Campo de Libra, do pré-sal, a estimativa é que a extração de petróleo a mais de sete mil metros de profundidade mobilize investimentos de US$ 180 bilhões nos próximos 35 anos, movimentando uma extensa cadeia produtiva. A concessão dos aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro, e Confins, em Minas Gerais, arrecadou R$ 20,8 bilhões. A próxima parte desse programa envolve as estradas. O primeiro leilão, que vendeu a BR-163, conseguiu um deságio de 52% no preço do pedágio. O vencedor foi a Odebrecht. Até o fim deste ano, pelo menos mais três leilões devem acontecer. “Esse grande programa de concessões, de mais de R$ 500 bilhões, vai dinamizar a economia nos próximos anos”, afirmou Mantega. “O efeito multiplicador será uma alta geração de emprego.”

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A depender dos empresários presentes, não há espaço para pessimismo. “Vivemos um forte momento de expansão”, disse Rocha, da Lojas Riachuelo, que chegará ao fim de 2013 com 40 mil funcionários, cerca de cinco mil a mais do que em 2012. “Eles empenham diariamente seu talento e esforço para o propósito da empresa: transformar moda em uma ferramenta de inclusão, não de exclusão.” Batista, da JBS, declarou que o grupo passou dos 200 mil funcionários – metade deles trabalhando no Brasil – e que ultrapassou a barreira dos R$ 100 bilhões em vendas em 2013. “Atingimos isso por acreditar em nossa gente, apesar de todos os momentos de turbulência”, afirmou o empresário. O mesmo otimismo foi exibido por Kumruian, que destacou o veloz sucesso da Netshoes. Agora, seu sonho é motivar futuros empreendedores. “Espero que a história da Netshoes inspire os jovens e as startups, para que o Brasil possa ser uma potência em tecnologia.”

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Fotos: Ricardo Prates; Felipe Gabriel/Ag.Istoé; Rodrigo Dionisio/Frame; Pedro Dias/Ag. istoé; Adriano Machado/Ag. Istoé; Zaca Oliveira; Gabriel Chiarastelli; Calebe Simões; RODRIGO TREVISAN/ AG.ISTOÉ; Marco Ankosqui;João Castellano/Ag. Istoé


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