Não dá para ser excelente em tudo. Desculpe, Fauzi Arap, mas de engenheiro civil você não tinha nada, só o canudo de papel e o chapéu capelo. Falei isso para ele há 20 anos, no restaurante Gigetto, então reduto da boêmia paulistana. Ele gostou de ouvir, e concordou. Duas décadas se foram, Arap morreu na quinta-feira 5, de câncer, aos 75 anos. Nada de engenheiro, tudo de alma e paixão pelo teatro e pelo povo de teatro, isso sim Arap possuía de sobra – e com o sangue quente da juventude é como se soubesse de seu talento quando pisou o palco do Teatro Oficina para roubar a cena na montagem de “A Vida Impressa em Dólar”, de Clifford Odets. De saída, dois prêmios em 1961. Depois pensou e peitou um desafio e tanto: pôs no tablado a adaptação de “Perto do Coração Selvagem”, de Clarice Lispector. Mais prêmios vieram até culminar no Molière. E as direções se sucederam na velocidade de um único ato. Destaque para “Dois Perdidos Numa Noite Suja”, “Navalha na Carne” e “Rosa dos Ventos”. (A.C.P.)


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