Há uma década e meia, o diretor neozelandês Peter Jackson se dedica ao seu grande projeto de vida, a adaptação para as telas do universo mágico do escritor inglês J.R.R. Tolkien. Após faturar 17 Oscars e US$ 2,9 bilhões com “O Senhor dos Anéis”, ele repete a dose com a trilogia “O Hobbit”, que conta as origens da saga. Nesse meio tempo, ganhou fama por ter criado uma tecnologia que se tornou referência para o novo cinema digital. “A Desolação de Smaug”, o segundo episódio da nova série que estreia na sexta-feira 13, impressiona com a técnica de filmagem em 48 quadros por segundo, de superdefinição, e com o 3D elevado ao seu limite. Apesar desses recursos de ponta, os incríveis cenários, figurinos fantasiosos e grande parte do visual são conseguidos por meio de um trabalho bastante real – para não dizer épico.

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VISUAL
Martin Freeman na porta secreta: cenário real

O personagem Thorin, um dos 13 anões que acompanham o protagonista em sua jornada pela Terra Média, é, na verdade, um homem de 1,87 metro de altura. Richard Armitage fala da transformação: “Primeiro eles colocaram próteses para a minha cabeça ficar um pouco maior; depois tive de encher a roupa para aparentar mais musculoso. Por fim, o computador me diminuiu em 30 centímetros.” O ator conta que na receita de Peter Jackson vale até ficar em cima de caixotes. As cenas diante do fundo verde, quando contracenam imaginando monstros e criaturas fantásticas, adicionadas depois, já se tornaram naturais. “Trabalhamos o dia inteiro em cenários reais e, ao mudarmos para o estúdio, guardamos ainda uma referência visual. Parece que estamos vendo algo, mas esse algo não existe”, diz Armitage.

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FUNDO VERDE
Martin Freeman como Bilbo Baggins: o ator inglês diz
que já se habituou a contracenar com uma bola de tênis

Herdeiro de uma ótima escola de atuação, Martin Freeman, que faz o herói Bilbo Baggins, ainda não se acostumou com o artifício de atuar diante de uma bola de tênis, suspensa por um fio. “Não me tornei ator para trabalhar assim, mas agora eu confio mais no que eles conseguem fazer com computações gráficas. O resultado do primeiro filme foi incrível”, afirma. Esse processo de filmagem requer muita imaginação do elenco – e, às vezes, até outras fontes de inspiração. Armitage apela para a música. “Ouvia uma composição de Penderecki (músico polonês), que é perturbadora. Precisava desse sentimento de terror para fazer as cenas”, diz. Lee Pace, que vive o rei Thranduil, líder dos elfos silvestres, enfatiza a sua superioridade sobre os anões até ao falar de sua caracterização. “Não há muita preparação: coloco uma peruca, um pouco de maquiagem, as orelhas e pronto.” Novo na história, Luke Evans, dono do papel do arqueiro Bard, teve de vencer o medo de altura. “Certas cenas me desafiaram. Mas o medo pode ser bom. Tive que demonstrar temor por um dragão que não existe”, afirma ele, referindo-se à criatura que dá nome ao filme – e que também só foi inserida na história na pós-produção.

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Engana-se, contudo, quem imagina que Peter Jackson deixa todo o visual do filme por conta dos designers. Ele não abre mão de cenários reais, impressionantes em sua escala. Na contabilidade entre horas gastas diante de computadores ou na carpintaria tradicional, fica mais barata a segunda alternativa. Os próprios atores se surpreenderam. “O visual de Erebor (a terra dos hobbits) é incrível e o mesmo pode ser dito sobre o set do portão secreto que leva às montanhas”, conta Armitage. O que dirão os espectadores.

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Fotos: Divulgação; Victoria Will/AP Photo 


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