Faz 17 anos que a psicóloga Amira Lépore, única herdeira de um libanês abastado, perdeu tudo o que tinha: um casarão com cerca de 900 metros quadrados na zona sul de São Paulo, uma indústria de artefatos de couro que empregava 230 pessoas e alguns pequenos apartamentos. Recém-viúva, mãe de quatro filhos e uma filha adotiva, Amira foi morar de favor na casa de amigos no Rio de Janeiro. Hoje, com 51 anos, ela vive muito bem em Nova York. Casada novamente e mãe de mais uma filha, Amira mora num sobrado com piscina e cinco dormitórios em um aprazível condomínio de Long Island. Na garagem, há cinco automóveis, entre eles três vans. Para dar essa virada em sua vida, Amira contou literalmente com as forças do Além. Ela é umbandista. Faz previsões, lê as mãos, joga búzios e faz sessões espíritas, regressões e operações espirituais. "Sou uma bruxa que trocou a vassoura por uma Mercedes do ano", brinca.

A vidente brasileira, que conquistou Nova York recebendo o espírito de Zé Pilintra – um boêmio pernambucano que passou a vida nos arcos da Lapa, no Rio de Janeiro e morreu em 1913 –, transformou seus poderes mediúnicos em um empreendimento lucrativo. Sua renda declarada é de US$ 35 mil por mês, cerca de R$ 70 mil. Na região do Queens, ela comprou uma casa de três andares, onde ergueu um terreiro de Primeiro Mundo. A Seara de Tupinambá Corporation. "Nos EUA, religião é business e tudo tem que estar registrado", explica. Para sustentar esse aparato que emprega o marido, uma secretária e os seis filhos, Amira mantém sempre em dia uma agenda de clientes carregada de nomes famosos, influentes e endinheirados. "Nunca imaginei ganhar tanto aliando os conhecimentos da psicologia a um maravilhoso dom espiritual", diz.

A sala no terceiro andar onde Amira faz suas consultas mais se assemelha a um escritório de advocacia do que a um terreiro. Uma pequena estante, uma escrivaninha, três cadeiras confortáveis e uma discreta imagem de Zé Pilintra. Nada mais. Sempre bem-vestida – Amira só usa roupas de seda – e sorridente, ela começa o diálogo com o cliente lendo as mãos ou jogando cartas. "Na verdade, esses rituais dizem muito pouco, mas ajudam a descontrair a pessoa e a conversa flui melhor. Nesse momento, sou muito mais uma psicóloga do que uma paranormal", confidencia. Durante as consultas, a guru fica sabendo de muitos segredos. Alguns deles se tornarão públicos nas próximas semanas e com certeza terão enorme repercussão no Brasil. Ela vai lançar um livro onde relata as 72 horas que passou com Paulo César Farias, o PC, e sua namorada, Suzana Marcolino, dois meses antes de ambos serem assassinados. Nesse período, Amira ouviu confidências comprometedoras e assistiu a brigas ferozes entre os Farias e alguns dos testas-de-ferro de PC. "Paulo César foi morto porque buscava reaver o controle sobre seu dinheiro. Suzana, que conhecia a trama para matá-lo, foi queima de arquivo", afirma Amira, no livro que ISTOÉ antecipa em reportagem na página 122.

A caneta de Collor – O primeiro contato de Amira com a turma alagoana do ex-presidente Fernando Collor se deu em 1989. "Joaquim Fino, um costureiro do Rio que costumava se consultar comigo, me apresentou a dona Leda Collor em seu ateliê. Previ a vitória eleitoral do Fernando", lembra Amira. Passada a eleição, dona Leda telefonou para a vidente. "Ela disse que o Fernando viria a uma reunião da ONU em Nova York logo depois da posse e iríamos conversar. Fui à tal reunião, mas não consegui falar com o presidente. Então, lhe encaminhei um bilhete dizendo para que ele tivesse muito cuidado, pois estava vendo que com a mesma caneta usada na ocasião para diversos autógrafos iria assinar sua renúncia", diz a guru. Segundo Amira, Collor respondeu-lhe com uma ironia: "Diga a ela para não se preocupar que irei trocar de caneta." O episódio é confirmado pelo portador do bilhete, um ex-auxiliar de Collor, que pede para não ser identificado. E o próprio Collor não nega. "Não lembro de detalhes, mas essa resposta é bem minha", diz o ex-presidente.

Sempre carregada de jóias, Amira alterna o uso de dois crucifixos, ambos de ouro 24 quilates, um deles cravejado com rubis. Ela acorda às 7h, toma um reforçado café – quando possível à beira da piscina –, lê algumas linhas de Lair Ribeiro, seu autor de cabeceira, e estaciona a Mercedes na porta do templo, por volta das 10h. Invariavelmente encontra os três sofás da sala de espera lotados. A maioria das pessoas a procura para simples consultas. Cerca de 40% da clientela é formada por hispânicos residentes nos EUA. Outros 30% são brasileiros e 30%, americanos. Bem organizada, a vidente guarda uma ficha, manuscrita, de cada cliente. Seus arquivos revelam que em 11 anos de Nova York a guru brasileira já atendeu 30 mil pessoas. "Gostaria de dedicar mais tempo às consultas no Queens, mas muitas vezes sou obrigada a deixar Nova York para atender algum cliente fora dos Estados Unidos", afirma.

O drama de Roberto Carlos – Uma das fichas de Amira mostra que em 26 de abril de 1994 ela atendeu uma mulher que se tornou conhecida no Brasil todo graças a uma canção de seu filho: Laura Braga, a Lady Laura, mãe de Roberto Carlos. "Ela estava em um hospital em Cleeveland, com Roberto Carlos II, o Segundinho, que procurava um tratamento para sua deficiência visual. Ele já havia passado por alguns especialistas e a família gostaria de tentar uma operação espiritual antes que o rapaz fosse submetido a uma última junta médica." Amira deixou Nova York e ficou três dias em contato direto com Segundinho. "No terceiro tive uma nítida e desagradável visão", narra a vidente. "A deficiência visual daquele moço está programada por uma força superior. Nem mesmo a operação espiritual resolveria o problema. Voltei para Nova York e dias depois Roberto Carlos ligou agradecendo e disse que os médicos confirmaram minha previsão", lembra.

Com o cantor e compositor João Nogueira o trabalho de Amira teve um final mais feliz. Sua ficha mostra que em 1996 ele apresentava um quadro dramático de úlcera. Submeteu-se a uma operação espiritual e afirma estar curado. "Até hoje, sempre que ele vem aos EUA reserva um tempo para se consultar comigo", diz Amira. Quando fala sobre as cirurgias espirituais, Amira fica séria e, sob os sofisticados óculos de aro Tiffany’s, seus olhos se fixam na imagem de Zé Pilintra. "Não gostaria de divulgar esses casos. Não sou nem quero ser conhecida como milagreira", esquiva-se. Ao contrário do que ocorre com seus outros trabalhos, pelas cirurgias espirituais Amira não cobra um centavo de seus clientes. Prova disso é o empresário Franklin Illidee, dono de uma fábrica de placas de néon na Virgínia (EUA).

"Durante 20 anos sofri com uma intensa dor de cabeça que muitas vezes me obrigava a tomar morfina no hospital", conta o empresário. "Há três anos conheci a Amira. Fiz uma operação espiritual e hoje me sinto novo." Nesses últimos três anos, pelo menos uma vez por mês Franklin gasta seis horas para percorrer a distância que separa sua casa da Seara de Tupinambá Corporation. O português Manoel de Moraes Sarmento, vice-presidente do Banco do Espírito Santo em Nova York, também é viciado no templo de Amira. "Não tomo nenhuma decisão importante sem ouvir os conselhos dela", diz. Na última semana de agosto, ele esteve com uma proposta para trocar de emprego. Mas, atendendo aos dizeres da vidente, resolveu dizer não. Naquela mesma consulta, acompanhada por ISTOÉ, Amira lhe perguntou: "Há quanto tempo o senhor não conversa com seu filho?" "Acho que há uns dois meses", respondeu Manoel. "Então, ligue para ele. Acho que ele esteve precisando do senhor." Quando terminou a consulta, Manoel telefonou para o filho e soube que o rapaz havia batido o carro há cerca de 15 dias e esteve a sua procura.

Previsão para Menem – Amira se define como uma mulher que assobia e chupa cana ao mesmo tempo, mas considera a vidência o seu principal dom. Em janeiro de 1995, a convite de Juan Carlos Mena, assessor do presidente argentino, Carlos Menem, e primo de seu marido, Amira foi visitar a Casa Rosada. "Estava andando por aquele palácio quando me encontrei com o presidente Menem. Ao tocar sua mão tive um pressentimento terrível", diz. "Ele perguntou se seria reeleito. Pude ver sua eleição, mas continuei a sentir alguma coisa muito estranha. Pedi para ver a mão do presidente e depois de alguns minutos lhe disse que ele perderia de forma trágica alguém muito querido." Em março daquele ano, o filho de Menem morreu em um acidente de helicóptero. A previsão de Amira circulou entre os gabinetes do poder argentino e hoje um de seus mais assíduos clientes é Rubens Bravo, o médico da Casa Rosada. Amira, porém, não tem boas lembranças de políticos brasileiros. "Em geral, quando eles ouvem a verdade costumam se afastar." Segundo ela, Leonel Brizola nunca foi um cliente habitual, mas lhe fez duas ou três consultas. A última delas foi em 1996, quando se encontraram no aeroporto de Montevidéu. "Disse que ele jamais seria presidente do Brasil e Brizola nunca mais me procurou."

 

Força inexplicável – A vidente não explica os fenômenos que a rodeiam. "Desisti de buscar qualquer fundamento para isso. Sei apenas que sou uma predestinada, inclusive para conhecer pessoas famosas." Em 1989, Amira estava atendendo o americano Thomaz Flent, presidente do Banco da Metro Goldwyn Mayer, e foi convidada para ir ao apartamento dele, no edifício Dakota, em frente ao Central Park. "Estava no apartamento onde foi filmado O bebê de Rosemary, quando entra na sala o cineasta Steven Spielberg. Conversamos por cerca de 20 minutos e visualizei aquele homem recebendo diversas estatuetas. Disse isso. Ele riu e foi embora. No ano passado, mandou um recado agradecendo a vidência." Amira assegura que esse dom não surgiu da noite para o dia. Ela afirma que desde criança consegue fazer suas previsões. "Lembro que era bem menina e não queria que o filho da vizinha tomasse um trem, pois havia sonhado que morreria naquele passeio. Chorei muito quando ele foi embora. Houve um acidente na viagem e o garoto morreu", lembra Amira.

Em 1984, depois de casada pela segunda vez, Amira estava em casa jogando baralho. A empregada da vizinha lhe pediu para ler as cartas. "Levei na brincadeira, mas joguei para a moça e comecei a dizer coisas que não sei de onde vinham. Ela ficou encantada. Disse que havia acertado tudo a seu respeito e no dia seguinte havia uma fila de amigas dela na porta de casa", conta. "Comecei, então, a fazer as previsões profissionalmente." Um ano depois, Amira comprou um imóvel na Ilha do Governador (RJ) e montou um templo, que ficou conhecido como Castelinho. "Nessa ocasião, já cobrava o que deveria ser hoje cerca de R$ 70 por consulta. Passei a ser procurada por gente famosa, como Beth Faria, Magda Cotrofe, Raul Seixas, Eurico Miranda e outros", afirma. Em 1988, uma amiga a levou aos EUA para atender 17 pessoas, que acabaram se multiplicando. Por isso, Amira resolveu levar seus poderes para Nova York e ganhar em dólar.

"Vivo muito bem e faço questão de mostrar isso. Afinal, quem é que vai acreditar em uma vidente que não consegue prever o melhor para ela mesma?", pergunta. "Mas isso não significa que eu não pratique a caridade", ressalta. De fato, nos EUA, Amira investe na construção de um hospital para crianças carentes, faz trabalhos voluntários para jovens que estejam enfrentando problemas com drogas e alcoolismo e muitos de seus serviços são gratuitos. No templo de Amira, além das cirurgias espirituais, as sessões espíritas também são gratuitas. No primeiro andar da Seara de Tupinambá está um salão onde são feitas as sessões. Aliás, é o único cômodo do templo que lembra um terreiro propriamente dito. As sessões são realizadas sempre aos sábados. O marido e todos os filhos da vidente participam. Eles cantam, tocam atabaques e também recebem seus guias. Também é nesse andar que Amira forma suas filhas-de-santo. Sandra Rivera, uma brasileira de 44 anos, há 25 nos EUA, é a preferida de mãe Amira. "Tenho um tumor na cabeça e estava desenganada, mas aqui tenho conseguido melhorar", diz. Sandra hoje também é mãe-de-santo. Apesar de não trabalhar como a guru, Sandra também vive das forças do Além. Ela é a proprietária de uma loja de artigos religiosos no Bronx. "Tenho uma vida muito confortável", diz. Ela mora na 37 com a Park Avenue, bem perto da 5ª Avenida, um dos endereços mais cobiçados de Manhattan. Como se vê, o Além também ajuda os amigos de Amira.

 

Os últimos dias
Livro de Amira Lépore aponta os caminhos e as testemunhas que podem dizer como e por que PC morreu

 

Escrever ou não um livro contando tudo o que ouviu de Paulo César Farias, o PC, e de sua namorada, Suzana Marcolino. Essa dúvida silenciosa atormentou a vida da vidente Amira Lépore por mais de três anos. A decisão foi tomada em julho último e, na primeira semana de outubro, 72 horas com P.C. Farias estará no mercado. Ao contrário dos livros já publicados sobre a morte do ex-tesoureiro de Fernando Collor, a obra de Amira não endossa a fantasiosa tese do crime passional nem se resume a uma crítica da atuação policial. Pelo contrário. Apesar de redigido por uma vidente, 72 horas com P.C. Farias, se prende a fatos. Aponta caminhos concretos e até testemunhas para se chegar à verdadeira motivação dos homicídios e, quem sabe, aos autores dos crimes. "Paulo César foi vítima de uma trama da qual participaram pessoas muito próximas a ele", conta Amira. "Quando fugiu do País, ele perdeu o controle sobre seu dinheiro, mas antes de morrer sabia de tudo e estava disposto a ir até as últimas consequências."

As afirmações da vidente que passou três dias e três noites na mansão de PC em Maceió não se baseiam em nenhum poder paranormal. Pelo menos dois terços das 216 páginas do livro relatam conversas mantidas com o próprio Paulo César, com Suzana e com os funcionários da casa. Revelam, também, os desentendimentos que estavam ocorrendo entre PC e seus principais colaboradores, inclusive o irmão Augusto Farias. Assinado pelo advogado criminalista Iberê Bandeira de Mello, conselheiro da OAB paulista, o prefácio de 72 horas com P.C. Farias sintetiza com exatidão a obra da guru. "Para toda a ocorrência existem três verdades: a verdade das testemunhas, a verdade do réu e a verdade dos fatos. Neste livro, a verdade da testemunha aponta o mentor intelectual do crime. Após a leitura da obra, o Brasil vai lembrar por muitos anos de quem matou PC Farias."

Editado pela Mania de Livro, o texto de Amira carrega detalhes que só mesmo um protagonista atento poderia relatar com tanta precisão. A seguir, alguns trechos da obra de Amira Lépore.

 

A última conversa com PC
Na manhã do sábado 22 de junho de 1996, horas antes do crime, Paulo César telefonou para a casa de Amira, em Long Island.

– Estou no inferno. Descobri uma trama diabólica.

– Do que você está falando?

– Hoje terei que tomar uma grande decisão e dela vai depender minha vida.

– O que você descobriu?

– Eu soube de tantas sujeiras envolvendo os que me rodeiam e esta noite vou esclarecer tudo. É muito duro descobrir os nomes dos traidores…

– Quem vai estar na reunião?

– A Suzana, meu irmão Augusto, meu irmão Cláudio, a namorada do Augusto, o pessoal que trabalha para mim….

– Mais alguém?

– Sim…. Não posso lhe dizer agora, mas essa pessoa veio com Suzana de avião (a namorada de PC havia estado em São Paulo naquela semana). Já faz algumas semanas que tenho mandado segui-la e descobri coisas terríveis. Você lembra que eu faria uma auditoria nas minhas empresas… Descobri tudo. Traição, roubo, pessoas que não querem que eu deponha e outros que não me querem no comando dos negócios…

Um telefonema de Suzana

Em 19 de junho de 1996, Suzana ligou para Amira. A namorada de PC estava em São Paulo e muito nervosa. A guru sabia que Suzana estava gastando muito dinheiro e que Paulo estava apenas lhe garantindo o necessário.

– Amira… preciso desabafar. Fui agredida. Entrei em um túnel sem saída. Minha vida não vale mais nada. Eles me ameaçam… Falaram que vão pegar a Gabriela (sobrinha de Suzana) se eu não fizer o que eles querem.

– Eles quem?

– Tenho medo de falar e não quero envolver você nisso.

– Então, peça ajuda ao Paulo.

– Não, não… O Paulo não. E não quero minha família envolvida nisso. Estou vivendo um horror, uma trama infernal.

A última conversa com Suzana
Às 17 horas do sábado 22 de junho de 1996, Suzana Marcolino telefonou para Amira, que estava em seu templo, no Queens. Segundo a vidente, Suzana estava chorando e muito nervosa.

– Onde você está, Suzana?

– Estou em Maceió. O Paulo está me esperando na casa de praia em Guaxuma… estou muito mal. Ele descobriu tudo.

– Descobriu o quê?

– O meu envolvimento em São Paulo….

Com o Fernando (Fernando Coleone, dentista com o qual Suzana havia jantado na noite anterior em São Paulo)?

– Tire o Fernando disso. Ele não tem nada a ver com toda essa sujeira.

– Fale mais. Quero te ajudar. Você está desesperada. Abra o jogo com o Paulo, com a tua família. Você está armada?

– Amira, minha amiga, agora já não dá mais para sair disso tudo… Não posso falar mais.

A briga com Augusto
Norma, a secretária de Amira, presenciou uma briga entre Suzana, Augusto e PC na beira da piscina e contou para a vidente como tudo aconteceu.

– O Augusto estava explodindo de ódio e o dr. Paulo estava possesso com o Augusto. Pelo que pude perceber, a Suzana recebeu uma dívida do dr. Paulo em São Paulo e entregou o dinheiro para o Augusto, mas faltavam US$ 10 mil, que ela dizia ter gasto com autorização do dr. Paulo. Foi uma gritaria….

– E quanto a Suzana recebeu?

– Falavam em US$ 500 mil, mas o Augusto se batia por causa dos US$ 10 mil, até que a Suzana gritou que o dinheiro era do Paulo e não dele.

– E o Augusto?

– Ele se voltou para o dr. Paulo e disse: você perdeu o controle e o senso do ridículo, Paulo! Sabe muito bem que todo o dinheiro que há por aqui deve ser controlado… Enquanto você não puder retomar as rédeas do negócio, quem manda sou eu.

– O Paulo César ficou quieto?

– Ele mandou o Augusto calar a boca e foi ofensa para todo lado. O Augusto gritava para o irmão: você só sabe dizer mande dinheiro para Londres… envie dinheiro para Brasília… você não está em condições de ordenar mais nada, Paulo! Principalmente se continuar a jogar dinheiro pela janela com essa vagabunda e toda a família dela…

A auditoria
Em uma das conversas, PC conta a Amira que estava fazendo uma auditoria em suas empresas e em suas contas.

– Vou fazer uma auditoria e para isso confio cegamente em meu secretário, Flávio Almeida. Estou conversando com ele a portas fechadas. Estou cheio de perder dinheiro.

– Sinto cheiro de perigo.

– Com perigo ou sem perigo, eu preciso descobrir o que se passou enquanto estive preso. Chegamos num estágio de apego ao que se conseguiu que acabamos nos transformando em seres irracionais… quando se trata de dinheiro, é viver ou morrer.

Mário Simas Filho