Cansada da mesmice do preto-e-branco, a fotógrafa inglesa Yevonde Cumbers (1893-1975) chacoalhou os costumes na Inglaterra dos anos 30 mergulhando no mundo das imagens em cores. Deu nova alma ao portrait (retrato) clicando damas da alta sociedade de então em situações completamente diversas das que elas viviam. Uma de suas idéias foi travesti-las em personagens que simbolizavam deusas gregas e romanas através de objetos, roupas, ornamentos ou simplesmente closes expressivos. Era uma maneira diferente de misturar realidade e fantasia. Nesta viagem de tons surrealistas, na cultuada série Deusas a senhora Edward Mayer, por exemplo, transformou-se em Medusa, tendo a cabeça e o pescoço enrolados por serpentes. Enquanto Lady Campbell virou Niobe ao exibir a expressão sofrida de seus belos olhos azuis dos quais brotam lágrimas escorrendo pelo rosto. Se comparados à moderna tecnologia, hoje os recursos de Madame Yevonde – como ficou profissionalmente conhecida – são até simplórios. Mas são exatamente estas características que deram às suas fotos um status artístico de absoluta singularidade. (C.C.)
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