C I Ê N C I A
Uma família de peso

Os parentes mais próximos do ser humano na árvore genética são os chimpanzés, porque ambas as espécies descendem de um animal que viveu há sete milhões de anos. A separação com os gorilas é mais antiga. Ocorreu há dez milhões de anos. As mesmas relações de parentesco podem ser estabelecidas entre outras espécies. Assim, geneticistas do Instituto de Tecnologia de Tóquio descobriram que os parentes terrestres mais próximos das baleias, dos botos e dos golfinhos são os hipopótamos. Todos os cetáceos (mamíferos aquáticos) evoluíram de um animal que retornou aos oceanos há mais de 50 milhões de anos. Desse ancestral em questão também evoluíram os hipopótamos. Pelo mesmo método de estudo do DNA, os japoneses afirmam na revista da Academia Nacional de Ciências dos EUA que, depois dos hipopótamos, os parentes mais próximos dos cetáceos são os bois, camelos e porcos, nessa ordem. E os mais afastados: cavalos, elefantes e peixes-boi.

 B I O L O G I A
Safra milenar

A mesma relação de parentesco de baleias e hipopótamos (leia nota acima) pode ser estabelecida entre plantas. Geneticistas da Universidade da Califórnia em Davis acabaram de publicar na revista Nature seu trabalho relativo às 16 variedades da uva vinífera (Vitis vinifera), cultivadas nas regiões francesas de Champagne e Borgonha, responsáveis pelos melhores champanhes do mundo. Descobriu-se que todas as variedades descendem de duas uvas. Uma é a pinot noir, apreciada pelos romanos desde o século I. A outra é a gouais blanc. Acredita-se que essa uva, natural da Dalmácia (região da atual Croácia), tenha sido ofertada no século III pelo imperador romano Probus, nascido na Dalmácia, aos colonos da Gália, atual França. Ao longo da Idade Média, viticultores foram cruzando a pinot com a gouais, criando novas variedades como chardonnay, gamay noir, melon, beaunoir, bachet noir, franc noir, aligoté, sacy. Ainda não se estudou qual a relação de parentesco com a cabernet sauvignon, uva dos vinhedos de Bordeaux, Centro-Sul da França, responsável pelos maiores vinhos tintos da história. Esse é o próximo passo.

 

 I N F O R M Á T I C A
Bug da imprensa

"Para mim, quem criou o bug do milênio foi a imprensa", disse o presidente mundial da Intel, Craig Barrett, com exclusividade a esta coluna, semana passada, em Austin, Texas. O famigerado defeito que ameaça paralisar boa parte dos computadores na meia-noite do próximo réveillon, segundo Barrett, é muito menos preocupante do que está sendo pintado. "Não me lembro de ter visto tanta gente escrevendo tanta coisa sobre algo tão chato." De qualquer forma, o medo do bug fez empresas, governos e bancos gastarem dezenas de bilhões de dólares para eliminar o problema. E a Intel, maior produtora mundial de chips, assim como toda a indústria de tecnologia, lucrou imensamente com esse pânico, que agora Barrett considera infundado. Ele aproveitou a conversa com ISTOÉ para anunciar sua próxima visita ao País. Chega a São Paulo dia 22 e adianta. "Vou conversar com clientes. Até onde sei, não vou anunciar a implantação de nenhuma fábrica no Brasil."

 

Por Peter Moon