"Nem na Vila Olímpica encontro tantos colegas do esporte”, brinca a atleta Maurren Maggi no salão do hotel Holiday Inn Parque Anhembi, em São Paulo, minutos antes de tomar seu assento na mesa de um jogo de pôquer que reuniu cerca de 40 personalidades, entre esportistas, artistas e empresários. Chamado de Desafio das Estrelas, o torneio, realizado na quarta-feira 27, antecedeu a abertura do BSOP Millions, principal etapa do Brazilian Series of Poker (BSOP), agenda de competições que acontecem ao longo do ano em diferentes cidades do País. A frase de Maurren chama a atenção para uma tendência curiosa: como ela, outras personalidades do esporte têm aderido a essa modalidade do carteado. O ex-cestinha Oscar Schmidt, o jogador de vôlei Rodrigão, o ex-nadador Fernando Scherer, o Xuxa, e o ex-técnico da Seleção Brasileiro Vanderlei Luxemburgo, também presentes no evento, são alguns exemplos. Há outros que levam o jogo até mais a sério, como o piloto de Stock Car Thiago Camilo, já considerado semiprofissional no universo das cartas.

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ATLETAS
Oscar Schmidt (centro) entre Rodrigão (à esq.), do vôlei, e o piloto Popó Bueno

Para Igor Federal Trafane, presidente da Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH), grandes campeões encontramno jogo de cartas uma maneira de usar suas habilidades estratégicas. “O pôquer vem crescendo no País todo, e os esportistas, como parte da sociedade, também estão aderindo. Mas eles têm um intelecto privilegiado, são competitivos e estrategistas. Alguns podem não ter o físico no auge, mas a mente, sim”, diz Trafane. Segundo ele, o Brasil já tem cinco milhões de jogadores, ganhou mais um milhão no último ano. Um dos brasileiros de maior destaque na modalidade, André Akkari, vencedor do campeonato mundial de 2011, também percebe a tendência. “Todos os grandes atletas que conheço gostam de pôquer. Eles têm histórico de competição, de adrenalina. Essa sensação também existe na mesa. Quando o jogador passa um blefe, por exemplo, o coração chega à garganta. Os dois universos se aproximam.” 

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Maurren admite que é atraída pela emoção do jogo. De tão aficionada, já faz encontros em família para ensinar táticas de carteado. “Jogo há muito tempo e sempre participo de campeonatos. Inclusive vou jogar nos próximos dias aqui também”, afirma a atleta, referindo-se ao cronograma do BSOP Millions, que vai até a quarta-feira 4 e dará ao primeiro lugar até R$ 1 milhão. Para Fernando Scherer, mais esportistas ainda vão entrar nessa onda. “Não há outro jogo de cartas que traga a mesma adrenalina do esporte competitivo”, diz. Mesmo sendo o primeiro a sair da mesa em que jogava, Scherer não desanima. “Estou estudando, lendo livros sobre o assunto. Quero me especializar. Em dois anos, pretendo participar do campeonato mundial.”

Foto: João Castellano/AG ISTOÉ