29/11/2013 - 11:14
Na quarta edição doméstica da Black Friday, que surgiu no Brasil nas vendas apenas pela Internet, varejistas se aproveitam da data para aumentar prazos das ofertas e estendê-las às lojas físicas, num esforço para antecipar parte das vendas de Natal. Em meio à desconfiança dos consumidores após fraudes no ano passado, as empresas não desanimaram e anunciam descontos de até 95% nesta sexta-feira em produtos que vão de roupa íntima a apartamentos.
A fraude mais comum neste evento são as falsas ofertas, com “maquiagem” de descontos que nunca existiram, conforme ocorreu em edições anteriores. Segundo órgãos de defesa do consumidor, a pesquisa de preços deve acontecer não só no momento da compra, como antes dela, para ter ideia de quanto realmente custava o produto fora da Black Friday.
Para auxiliar o consumidor nesse dia, a Serasa Experian liberou gratuitamente a consulta do CNPJ das empresas entre os dia 29 de novembro e 1 de dezembro. O consumidor pode acessar o site da Serasa e consultar a razão social, ocorrência de protestos, cheques sem fundo, ações judiciais, endereço, falências e a existência legal da empresa com a qual pretende fechar negócio.
Além disso, neste ano surgiram algumas ferramentas que ajudarão o consumidor a não comprar por impulso. Sites como Terra Shopping, Zoom, JáCotei.com.br e Buscapé Company fazem o monitoramento de preços para garantir que as empresas não aumentem os preços uns dias antes para depois ofertarem os descontos astronômicos na sexta-feira.
Mesmo assim, as perspectivas de crescimento do faturamento com a data ajudam a explicar o interesse. A empresa de pesquisas E-bit estima que o comércio eletrônico irá faturar R$ 390 milhões com o evento, alta de 60% ante igual período de 2012, quando consumidores reclamaram da manipulação de preços para divulgação de descontos artificialmente maiores. A estimativa de crescimento da entidade para o varejo online em 2013 é de 25%.
Desta vez, a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, Camara-e.net, criou um Código de Ética para o evento prometendo suspender a utilização do seu selo "Black Friday Legal" das redes que desrespeitarem as regras. Fazem parte da iniciativa empresas como Netshoes e Ricardo Eletro. Além disso, empresas sócias do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) se comprometeram com o Procon-SP a solucionar pontos críticos da edição de 2012, como falhas no serviço de atendimento e instabilidade nos sites.
A rede de móveis e eletrodomésticos Magazine Luiza vai oferecer descontos de até 70% para mais de três mil produtos no site, buscando repetir a performance do ano anterior, quando o dia representou sozinho cerca de 20% de suas vendas de novembro. Além disso, as 740 filias das companhia participarão de um Bota Fora "edição Black Friday" até sábado, com descontos menores, de até 50%, mas com condições de pagamento facilitadas para clientes com cartão da loja. "Esta é uma ação muito especial porque já aquece os pontos de venda para o Natal", afirmou Douglas Matricardi, diretor de Operações do Magazine Luiza.
Outras grandes do setor adotaram iniciativas semelhantes: o Walmart começou as promoções nas lojas físicas na quinta-feira, reservando as promoções online para a Black Friday, quando estima vendas até 10 vezes superiores às de um dia normal. A Nova Pontocom, divisão de comércio eletrônico do Grupo Pão de Açúcar, mobilizará seus três sites no evento – CasasBahia.com.br, Extra.com.br e Pontofrio.com. Ao mesmo tempo, os supermercados do Pão de Açúcar vão baixar os preços de produtos como bebidas e chocolates na sexta-feira.
Na avaliação do idealizador da Black Friday no País, Pedro Eugenio, a tendência é que o varejo tradicional participe cada vez mais do evento, com as empresas ampliando a janela de ofertas para conseguir atender a um público maior. Nos Estados Unidos, onde a Black Friday se consolidou como maior evento anual de descontos do comércio varejista, isso já acontece, afirmou ele, em referência ao evento da última sexta-feira de novembro, após o feriado de Ação de Graças.
Entre grandes companhias que também vão participar da Black Friday em suas lojas físicas no Brasil, estão empresas como Fnac e Centauro, de artigos esportivos. A RealtON anunciou descontos de até 30% em apartamentos, o que significaria uma economia de R$ 770 mil em uma cobertura com quatro dormitórios e 335 metros quadrados. O imóvel localizado no Ipiranga, em São Paulo, fica com preço de R$ 2,74 milhões por R$ 1,97 milhão. Segundo o CEO da empresa, Rogério Santos, a expectativa é de vender R$ 25 milhões em imóveis apenas na sexta-feira.
Confira dicas do Procon e da Proteste para evitar problemas durante o Black Friday: