Deu zebra no jogo dos banqueiros do bicho em Goiás. Durante quatro anos, eles exploraram a Loteria do Estado de Goiás em parceria com a empresa espanhola Cirsa, a maior fabricante mundial de máquinas caça-níqueis. Em troca, repassavam mensalmente a bagatela de R$ 5 mil a uma entidade assistencial. Depois de denúncia publicada por ISTOÉ, o governador Marconi Perillo (PSDB) conseguiu na Justiça a suspensão do contrato, exigiu a retirada dos bicheiros do negócio, e acertou com a Cirsa um convênio bem mais vantajoso. Além de uma contribuição de R$ 1 milhão para a Secretaria de Cidadania e Trabalho e a Organização das Voluntárias de Goiás, o diretor da Cirsa, Javier Senato, se comprometeu a depositar R$ 50 mil, todo mês, para a área social do governo e a empregar 200 pessoas com deficiência física.
 

“Acabou a mamata dos bicheiros”, comemora Perillo, que aposta numa arrecadação ainda maior: R$ 250 mil mensais a serem aplicados em programas de atendimento a pessoas carentes e no tratamento dos portadores do vírus HIV. “O setor que era um limão está se transformando em uma limonada”, avalia o secretário de Fazenda, Jalles Fontoura. Com a saída dos bicheiros, a Cirsa passou a ter o controle das máquinas de jogo em Goiás e da Gerplan, a empresa encarregada do gerenciamento das loterias do Estado. “Com a reforma administrativa, colocamos a gestão das loterias na Secretaria da Fazenda. Enxugamos os gastos e tivemos condições de fazer uma boa renegociação do contrato com a Gerplan”, conta Perillo.
 

Canetada esdrúxula
O juiz de Falências de Goiânia, Avenir Passo de Oliveira, acusado de receber propina durante a concordata da Encol, protagonizou uma nova canetada difícil de explicar. Desta vez, tentou atingir a procuradora-geral do Ministério Público de Goiás, Ivana Farina. Atendendo ao pedido de uma obscura associação de moradores de Goiânia, Avenir demitiu a procuradora. O pretexto: há dez anos, ela teria sido irregularmente reintegrada ao Ministério Público, após um afastamento voluntário. A decisão, despachada em pleno sábado de Carnaval, foi fulminada dois dias depois pelo Tribunal de Justiça goiano, que a considerou uma “afronta à ordem pública”. Avenir não poderia nem triscar na acusação contra Ivana, pois responde a uma denúncia da própria procuradora por abuso de autoridade. Pior que o despacho foi o grupo que o produziu. A advogada responsável pelo caso é mulher de um amigo de Avenir. O presidente da associação que assina o pedido é ligado a um ex-vereador cassado pelo Ministério Público goiano. A canetada de Avenir também serviu para dar uma breve alegria aos bicheiros locais, outro alvo do Ministério Público estadual.
Carolina Chuahy