Deixar um pouco de lado a isenção jornalística e tomar partido, sim, por que não? A proposta, que deixaria os mais rígidos seguidores dos manuais de ética na imprensa de cabelos em pé, é defendida sem receios pelo coordenador do Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo, Márcio Schiavo, quando o assunto é dignificar a infância e a juventude brasileiras. Orgulhoso da terceira e mais concorrida edição do prêmio, marcada para o dia 21, no Teatro Alfa Real, em São Paulo, esclarece: “Vamos tomar partido, sim, e promover coisas boas.” A idealizadora do prêmio, Viviane Senna, irmã de Ayrton Senna e coordenadora do instituto que leva o nome do piloto, endossa. “Não queremos neutralidade, queremos Justiça.”
 

A idéia de incentivar uma imprensa agitadora, que denuncie, busque soluções e enalteça bons trabalhos, nasceu há três anos e, até para a surpresa dos organizadores, está rendendo frutos em proporções geométricas. Este ano foram inscritas 1.612 reportagens, ante as 650 do ano passado e as 442 do anterior. “E pelo menos 30% do material produzido pela mídia impressa em 1999 apresentou soluções”, comemora Viviane. Exemplos disso são duas reportagens da ISTOÉ classificadas entre os 55 finalistas. Uma delas, do editor especial Mário Simas Filho, intitulada “No Rastro de Beethoven”, que concorre na categoria Da Investigação à Solução, mostra o retorno das crianças que foram tiradas de seus pais pelo juiz Beethoven Ferreira, em Jundiaí. Gilberto Nascimento é finalista na categoria Revista, pelo conjunto de reportagens.
 

Durante a solenidade também será apresentada a 9ª edição da Pesquisa Infância na Mídia, da Agência Nacional de Notícias dos Direitos da Criança (Andi). O levantamento indica ISTOÉ como a revista semanal que mais publicou matérias sobre adoção, medidas sócio-educativas, Aids e doenças sexualmente transmissíveis, drogas e exploração no trabalho. ISTOÉ venceu as duas edições anteriores do prêmio, como destaque na categoria Revista.