Transexual volta de Paris, onde trabalha como vedete na noite, para reencontrar a ex-mulher e o filho que abandonara dez anos antes de liberar seu lado “artístico”. À primeira vista, a história tem algo do filme Tudo sobre minha mãe, do espanhol Pedro Almodóvar. Só à primeira vista, porque o autor Eloy Araújo usa um humor bem menos sofisticado, além do que a peça demora a engrenar, muito por causa das atuações irregulares do elenco. Alguns momentos, porém, garantem boas risadas, especialmente nas cenas típicas de uma comédia burlesca, em que um pequeno mal-entendido gera uma série de equívocos. Mas poucas piadas conseguem fugir do previsível. A direção de Bibi Ferreira também não acrescenta ousadia em momento algum. Se existe um bom motivo para assistir ao espetáculo, é a ótima caracterização de Lana Lee, feita por Edwin Luisi, que se entrega como poucos. Sua diva abusa de trejeitos, caras e bocas, mostrando que, ao comemorar 30 anos de carreira, ele ainda pode surpreender o público.
(C.M.)
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