08/03/2000 - 10:00
Itamar 8 Newtão
O governador de Minas Gerais, Itamar Franco, demitiu de uma só tacada seu secretário de Obras e o chefe do Departamento de Estradas e Rodagem (DER). Ambos eram apadrinhados do vice-governador Newton Cardoso. Estavam sendo acusados de promover dispensas de licitação por calamidade pública para a reforma de estradas que não precisavam de reforma nem estavam em áreas de calamidade pública.
Cabeça a prêmio
Na última quarta-feira, Brasília foi tomada pelo boato da demissão do secretário da Receita, Everardo Maciel. Motivo: na CPI dos Remédios, Everardo defendeu a abertura do sigilo bancário dos grandes laboratórios farmacêuticos. Contrariou seu chefe, o ministro Pedro Malan, que, duas semanas antes, havia pedido ao PFL e ao PSDB para que evitassem a quebra de sigilos na CPI. Mas Everardo está firme no cargo. Quem instruiu seu depoimento à CPI foi o presidente Fernando Henrique, em três telefonemas.
Frase
“ACM tem de ser contra minha candidatura. Ele sabe que, se eleito, não me submeterei a seus caprichos’’
Do líder do PSDB, deputado Aécio Neves, em campanha para presidente da Câmara
O centro do poder
No primeiro governo FHC, Antônio Carlos Magalhães tentou vender ao presidente a idéia de um Conselho Político para o governo. O cacique baiano já tinha até os nomes: naturalmente ele próprio, pelo PFL; o governador do Ceará, Tasso Jereissati, pelo PSDB; e o então governador do Rio Grande do Sul, Antônio Britto, pelo PMDB. Fernando Henrique deu tempo ao tempo. Britto sumiu do mapa e Tasso é apenas mais ou menos ouvido. Quanto a ACM, foi excluído da intimidade do presidente. Livre deles, FHC conseguiu, enfim neste segundo governo, construir o seu Conselho Político, com funcionamento orgânico no Palácio do Planalto e poder de traçar as grandes e pequenas estratégias do governo. É composto pelo ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente, pelo secretário-geral da Presidência, Aloysio Nunes Ferreira, seu assessor especial, Moreira Franco, o ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, e o secretário de Comunicação, Andrea Matarazzo. Reúnem-se sempre às segundas e quintas-feiras com o presidente, por volta das 17h. Ministros como José Serra, da Saúde, e Pedro Malan, da Fazenda, têm sua força. Mas, no presidencialismo à brasileira, o poder emana mesmo é do Palácio.
Rápidas
* Agora é o PMDB que aposta num rompimento do PFL com FHC. A cúpula do partido já está trabalhando a candidatura de Michel Temer para vice-presidente na chapa encabeçada por Pedro Malan
* Único ministro do STF que quer receber o auxílio-moradia, Marco Aurélio Mello é aquele mesmo que comprou seu apartamento funcional e depois vendeu para adquirir uma chácara.
*Armínio Fraga só quer baixar a taxa de juros depois que o Congresso votar o Orçamento. Teme ver todo o ganho com a queda na dívida pública transformado em emendas para parlamentares.
