Desta vez, Silvio Santos não vai passar o Ano-Novo na neve de Aspen ou nas praias da Flórida. Os primeiros hóspedes do luxuoso resort construído por ele, o Sofitel Jequitimar Guarujá, no litoral paulista, estão em polvorosa com a chance de ver o mais famoso apresentador do País jantando na mesa ao lado à espera de 2007. A festa será grandiosa. Cerca de 800 pessoas serão brindadas com uma queima de fogos de 15 minutos, que incluirá uma cascata de 20 metros, shows de jazz e pop-rock e discotecagem à beira da piscina até o sol raiar. O vasto menu, criado pelo chef francês Marc Le Cornec, trazido do Sofitel Costa do Sauípe, na Bahia, inclui pratos com lagosta, faisão, foie gras, trufas, aves e carnes. Champanhe, vinho e uísque estarão liberados. Uma passagem de ano dos sonhos reservada aos dispostos a pagar entre R$ 4,6 mil e R$ 16 mil pelas três noites do pacote. Por tudo isso, a jornada foi batizada de Réveillon das Estrelas, o que fez aumentar o burburinho em torno da vinda do apresentador. “Mas as verdadeiras estrelas serão os hóspedes”, diz com gentileza o gerente-geral do resort, João Carlos Pollak.

As comemorações no hotel de Silvio Santos não terminarão no primeiro dia de 2007, como é habitual. Em janeiro, uma arena com capacidade para três mil pessoas construída no local será sede do festival Canto do Mar, com shows programados para todos os sábados. Estão confirmadas as bandas de pop-rock Paralamas do Sucesso, Jota Quest e Charlie Brown Jr. A inauguração oficial do empreendimento ocorrerá, no entanto, apenas em março – com outra festança, claro. Até lá, o hotel funcionará em sistema de soft-opening, com diárias entre R$ 560 (categoria superior) e
R$ 2,5 mil (suíte presidencial).

Quem passeia pela praia de Pernambuco, uma das mais tradicionais da cidade que já foi considerada a Pérola do Atlântico, se impressiona com o porte do primeiro empreendimento de Silvio Santos voltado para a classe A. Após 13 meses de obras ininterruptas, o resort, com 40 mil metros quadrados de área construída, está quase pronto. Só falta acertar os últimos detalhes de acabamento e paisagismo. Serão 302 apartamentos, divididos em cinco categorias, todos com varanda, acesso sem fio à internet e tevê de plasma com pelo menos 32 polegadas. A suíte master conta com jacuzzi exclusiva em varanda privativa. E a presidencial, além de um home theatre, tem uma piscina independente. O requinte também é reforçado na área comum, com spa, fitness center, piano-bar, cybercafé, night club, seis restaurantes, quatro piscinas, um núcleo de recreação infantil, duas quadras de tênis, uma quadra poliesportiva e um bulevar com 56 lojas – Kipling, Laselva, Jacques Janine, Kopenhagen e Carmen Steffens entre elas.

Para construir o resort, Silvio Santos comprou o terreno e a antiga sede do tradicional hotel Jequitimar, fundado em 1962 pelo quatrocentão paulista Jorge da Silva Prado. Pagou R$ 15 milhões pelo complexo em 1997 e, em 2003, decidiu dar início à conversão do imóvel em um hotel seis-estrelas. No total, as obras consumiram R$ 150 milhões, dos quais R$ 40 milhões entraram via BNDES. Com seu habitual tino para os negócios, Silvio Santos contratou apenas profissionais de renome: o franco-suíço Henri-Michel de Fournier fez o projeto arquitetônico, João Armentano assina o design de interiores e o escritório de Burle Marx concebeu os jardins. Finalmente, como não poderia deixar de ser, Silvio escalou a própria construtora, a Sisan Empreendimentos Imobiliários, para tocar as obras.

“O foco é evidentemente o turismo de negócios”, diz o diretor da Sisan, Eduardo Velucci. “Não existe outro hotel de praia com esse porte a apenas uma hora de São Paulo. Por isso, investimos para construir um heliponto e montar um sofisticado centro de convenções com oito salas de reunião e auditório para 1,2 mil pessoas, além de implantar a tecnologia necessária para permitir acesso à internet sem fio em toda a área do hotel.” Contratada para administrar o resort, a rede Sofitel – hoje com 200 hotéis de luxo em 56 destinos – será responsável por recrutar uma equipe de 330 funcionários, dos quais 200 já estão em treinamento. Até março, o local ganhará também o primeiro Le Spa (grife da rede Sofitel) do Brasil, com estrutura similar à mantida em seus mais sofisticados hotéis europeus.

O empreendimento de Silvio Santos não se resume ao hotel. Além das instalações do resort, foi construído um conjunto de casas com 36 bangalôs assobradados, com quatro quartos cada um. Todas as casas já foram vendidas, a preços que vão de R$ 1 milhão a R$ 1,6 milhão conforme o tamanho e a localização (os que têm vista para o mar são maiores e mais caros). Uma delas foi arrematada por Hebe Camargo. “Vai ser muito bom voltar a passar férias no Guarujá”, disse a apresentadora ao assinar a escritura. Os moradores, permanentes ou sazonais, poderão desfrutar da infra-estrutura do hotel e de um pátio transformado em estacionamento de barcos.

No Guarujá, a novidade foi recebida com entusiasmo pelo mercado imobiliário. “Tem muita gente reformando suas casas e esperando os preços subirem para colocá-las à venda”, afirma o corretor Roberto Pereira Leite Jr., morador da praia de Pernambuco. “Quando surgiram as primeiras notícias sobre a construção do hotel, a dona de um terreno que eu estava terminando de vender cancelou imediatamente o negócio para esperar a inauguração. Já ofereceram a ela mais do que o dobro do preço avaliado dois anos atrás e ela ainda não quer vender”, revela. O único temor de alguns moradores é que a praia não comporte o excesso de turistas trazido pelo hotel e que falte areia para tanta gente. Mas isso será a última coisa a passar pela cabeça dos hóspedes de Silvio Santos.