O cafezinho nunca foi o forte do serviço de bordo de aviões, mas a beberagem servida a um piloto da American Airlines, em fins de 1996, causou repugnância até mesmo a um veterano dos ares. O gosto do café estava tão ruim que serviu de ponto de partida para uma investigação que acabaria com a prisão de 58 pessoas – a maioria funcionários daquela companhia aérea. É que o líquido servido ao comandante era uma mistura de Nescafé e heroína. A estranha alquimia ocorreu porque um carregamento da droga havia sido armazenado junto com os alimentos. Esta era a estratégia usada por traficantes que usavam os vôos daquela empresa para transportar mercadorias ilegais como drogas e armas de fogo. Na quarta-feira 25, o esquema foi desmontado pelos agentes do Bureau of Alcohol, Tabaco and Firearms e da Drug Enforcement Agency (ATF) e revelou o péssimo esquema de segurança do aeroporto de Miami, um dos maiores do mundo.

Funcionários da American Airlines do setor de bagagens eram pagos para esconder o contrabando em fundos falsos de carrinhos de comida, bagagens desacompanhadas e compartimentos variados do avião. "O pior é que a droga era colocada em áreas com equipamentos sensíveis dos aviões, podendo comprometer até mesmo a segurança do vôo", disse a ISTOÉ o porta-voz Ed Halley, do ATF. "Usando os cartões magnéticos que dão acesso às areas sensíveis do aeroporto, os funcionários da companhia e de empresas de catering levavam as encomendas diretamente aos aviões, com a conivência de agentes da imigração. E ninguém do aeroporto ou da American se preocupava em verificar esta movimentação", disse Halley.


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