No início dos anos 80, Vânia Bastos coloria com sua voz delicada os arranjos crispados de Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção, na chamada vanguarda paulista. Com o passar do tempo, a intérprete foi alargando seus horizontes, depois enveredando pela MPB mais tradicional. Entre outros trabalhos, dividiu um disco com o marido, o compositor Eduardo Gudin, e gravou outros dois só com músicas de Tom Jobim e Caetano Veloso. Em Belas e feras, o oitavo disco de Vânia Bastos em 11 anos de carreira solo, a morena de olhos vivos homenageia cantoras e compositoras. A seu pedido, algumas delas enviaram composições inéditas. Mas de um modo geral, o trabalho da paulista de Ourinhos foi de garimpagem em repertórios como os da sambista Yvone Lara, da forrozeira Anastácia, dos ícones pop Baby do Brasil e Rita Lee ou, então, da sempre necessária Angela Rô Rô. A faixa dedicada a esta última, Só nos resta viver, dá o tom do disco. Traz a voz clara e afinada da cantora emoldurada por um belíssimo arranjo de cordas, assinado por Théo de Barros. Uma combinação perfeita, que se repete em Ternura, versão de Rossini Pinto para a música Today, de Estelle Levitt e Kenny Karen, no Brasil imortalizada por Wanderléa, a musa da jovem guarda que até hoje é forte referência para as intérpretes da geração de Vânia Bastos.