Depois que o cozinheiro de cabelo engordurado deu espaço a jovens bonitões que ganham muito dinheiro, ser chef de cozinha se tornou atraente. De olho nesses candidatos a reis do risoto, a Universidade Anhembi-Morumbi criou o curso superior de Gastronomia com duração de dois anos, inédito no Brasil. É dividido em quatro módulos com aulas práticas e teóricas que vão desde Confeitaria e Panificação, Higiene, Matemática Culinária até Cozinha Asiática e Européia e afinidade entre vinhos e comidas. "O aluno se forma com noções de chef de cozinha, primeiro cozinheiro ou ainda administrador de restaurantes", afirma a coordenadora Tereza Guerra.

A se considerar a relação de 7,2 candidatos por vaga no vestibular deste semestre, a novidade já deu certo. É a mesma concorrência que enfrentou, por exemplo, quem tentou Engenharia na Universidade Federal de São Carlos, interior de São Paulo, neste ano. E a previsão para o próximo ano é de aumento na procura. Para a administradora de empresas Leila Serrano Pires, 38 anos, o curso turbinou sua carreira. Dona de um bufê, ela descobriu que poderia aumentar a qualidade e chegou a trocar tudo desde o armazenamento até a compra de alimentos. "A faculdade está dando a base técnica que faltava. Afinal, para ter um negócio nesta área não basta apenas gostar de cozinhar."

Para mergulhar tão a fundo na culinária, os alunos têm de adquirir facas especiais e até avental e chapéu de chef de cozinha. Além de habilidade com objetos cortantes, os aprendizes tem que aliar sabor e aparência, ao confeccionar um prato. "Com o tempo a gente vai refinando o paladar", conta a uruguaia Natália Cencio, 24 anos. A maior preocupação, contudo, continua sendo a balança. Como a classe é formada por 25 alunos, e ao final das aulas práticas, além do seu prato, o aluno tem de provar o dos colegas, a turma já computou alguns quilos a mais. O gaúcho Carlos Eduardo Russo, 36 anos, largou a profissão de protético dentário para morar em São Paulo e estudar Culinária. Engordou dez quilos desde o começo do ano. "Agora vou ter que me render à academia", brinca.

Área para testes não falta. Desde o dia 12, os universitários dispõem do primeiro Centro de Gastronomia da América Latina, criado na universidade. Trata-se de uma cozinha de demonstração, com um auditório de 80 lugares. Nesse espaço, a universidade vai ter também cursos rápidos para aqueles que dispensam o diploma. "O objetivo é oferecer reciclagem para quem já sabe cozinhar ou aprimorar os conhecimentos de quem está começando", diz o coordenador do centro Claudio Cantamessa.