Em novembro, ISTOÉ revelou o drama de Elisângela Rodrigues que em fevereiro de 1997 teve a filha Evelyn, dois anos, tirada de seus braços de maneira arbitrária pelo juiz Luiz Beethoven Giffoni Ferreira, então titular da Vara da Infância e da Juventude de Jundiaí, no interior de São Paulo. Sob a argumentação de que a menina era vítima de maus-tratos, o juiz quebrou o pátrio poder de Elisângela e em quatro meses promoveu a adoção de Evelyn para um casal alemão. Em julho do ano passado, o Tribunal de Justiça concluiu que não havia provas de maus-tratos e anulou a decisão de Beethoven. A menina, no entanto, já estava em Berlim. Até agora Elisângela não tem notícias da filha. "A própria Justiça diz que o juiz levou minha filha sem motivos, mandou a garota para a Europa e ninguém faz nada", lamenta a mãe. A arbitrariedade do juiz criou um problema diplomático. Na próxima semana, a Procuradoria Geral do Estado encaminhará um documento à Justiça alemã pedindo a volta de Evelyn. A solução, porém, pode não ser tão simples. "Para os alemães, a garota está legalmente naquele país e naquela família", diz a procuradora Maria Dolores Maçano.

A história de Elisângela é mais um caso de mães da cidade de Jundiaí que tiveram seus filhos retirados de casa de maneira arbitrária pelo juiz Beethoven. O juiz e a promotora Maria Inês Bicudo foram transferidos da cidade, mas continuam sob investigação das corregedorias do Ministério Público e do Tribunal de Justiça e da CPI do Judiciário. Na última semana, Beethoven e Inês se recusaram a depor na CPI. O juiz avisou que só prestaria depoimento se os senadores fossem a São Paulo. "Já investigamos muito e verificamos que o juiz cometeu imoralidades brutais", afirma o presidente da CPI, senador Ramez Tebet (PMDB-MT). Além da CPI, Beethoven e Inês também deverão ser denunciados pelo Ministério Público nas próximas semanas.


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