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A Polícia Civil de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, recebeu autorização judicial para a quebra do sigilo telefônico da psicóloga Natália Mingoni Ponte, 29 anos, e do técnico em informática Guilherme Rayme Longo, 28 anos, acusados pela morte do garoto Joaquim Ponte Marques, 3 anos. Natália é mãe do garoto e Longo o padrasto.

De acordo com Paulo Henrique Mateus de Castro, titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), com a quebra do sigilo telefônico poderá se verificar se houve, por exemplo, a colaboração de uma terceira pessoa para o crime. A mãe e o padrasto do menino estão em prisão temporária, de 30 dias. Nesse período, o delegado pretende fechar a investigação e pedir a prisão preventiva do casal.

"A juíza quebrou o sigilo telefônico dos dois suspeitos e de mais algumas pessoas. Com isso, pretendemos fortalecer algumas provas já existentes". O delegado disse que pretende ouvir Guilherme Longo – que está detido em um presídio da região – ainda nesta terça-feira. "Por questões de segurança, não divulgamos o local em que ele está, mas é de fácil acesso", afirmou.

Entre as pessoas que serão ouvidas pela polícia estão funcionários da escola em que o menino estudava. "O menino estava há cinco dias sem ir à aula, justamente por não estar bem emocionalmente, por conta de ter de receber insulina várias vezes por dia."

Segundo do delegado, as imagens das proximidades da casa do garoto não são conclusivas e precisam ser analisadas com tranquilidade. "Não temos a imagem dele (Guilherme) saindo da casa. Temos uma imagem de uma pessoa carregando alguma coisa". O delegado acredita que o menino tenha sido retirado da residência entre 0h e 3h da última terça-feira, 5 de novembro. O corpo só foi encontrado domingo, boiando em um rio na cidade de Barretos.

O delegado conta ainda que Natália tem colaborado com as investigações desde que o corpo de Joaquim foi encontrado. "São detalhes interessantes para a investigação, principalmente em relação ao comportamento do marido".

Natália e Guilherme tiveram a prisão temporária de 30 dias decretada. Segundo a polícia, a expectativa é de que até o término deste prazo, os laudos e provas periciais estejam prontos para reforçar as hipóteses levantadas pela investigação. Além disso, a polícia aguarda os resultados dos exames necroscópicos para comprovar a causa da morte de Joaquim.

Superdosagem de insulina

Na tarde de segunda-feira, o promotor Marcos Tulio Nicolino, que acompanha as investigações, disse, entrevista ao Terra, que declarações da mãe do garoto dão a entender que Joaquim possa ter sido vítima de superdosagem de insulina, aplicada pelo padrasto.

"Após o desaparecimento, ela (mãe) foi entregar a caneta que era utilizada para aplicar insulina. Nesse dia, o padrasto falou que tinha aplicado em si mesmo 30 doses de insulina. Porém, no dia anterior, ele disse que teria aplicado apenas duas doses", falou o promotor.

Segundo Marcus, o padrasto de Joaquim, Guilherme Raymo Longo, pode ter mudado a sua versão para tentar justificar o uso da insulina. "Depois do aparecimento do menino, ele falou que usou as 30 doses. Ele estaria tentando justificar o desaparecimento daquelas doses, que ele poderia ter aplicado no menino para matá-lo", completou.

O menino era diabético e precisava tomar doses constantes de insulina para sobreviver. Mas, para Marcus, a criança era vista como um problema na vida de Guilherme, que tem um filho de poucos meses com a mãe de Joaquim, Natália. "Ela (Natália) passou informações que nos levam a acreditar que o relacionamento dos dois não era harmônico como passado anteriormente. O casal brigava constantemente e um dos motivos era que o Guilherme não aceitava o filho de outro casamento. ‘Você tem um pedacinho do seu ex-marido aqui dentro de casa’, teria dito ele em algumas ocasiões", falou o promotor.

Diante destas suspeitas, o delegado pediu exames que possam comprovar a existência dessa suposta superdosagem no organismo da vítima. Segundo ele, "todos os laudos já foram providenciados".

Desaparecimento

O corpo de Joaquim foi encontrado neste domingo, nas águas do rio Pardo, no município de Barretos, vizinho de Ribeirão Preto – cidade na qual o garoto morava. Um exame preliminar de necropsia apontou que o garoto já estava morto antes de ser jogado no rio, segundo a Polícia Civil. A causa da morte, porém, ainda não foi confirmada.

Desde os primeiros dias do desaparecimento, as buscas foram concentradas na região do córrego Tanquinho e no rio Pardo, onde o córrego deságua. Na quarta-feira, um cão farejador da Polícia Militar realizou o mesmo trajeto ao farejar as roupas do menino e as de seu padrasto.

A Polícia Civil já havia pedido a prisão preventiva da mãe e do padrasto de Joaquim, mas a Justiça havia negado. O menino era diabético e vivia com a mãe, o padrasto e o irmão Vitor Hugo.

No boletim do desaparecimento registrado na Polícia Civil, a mãe relatou que acordou por volta das 7h e foi até o quarto da criança, mas não a encontrou. Em seguida, procurou pelos demais cômodos e na vizinhança, também sem sucesso. O garoto vestia uma calça de pijama com bichinhos quando foi visto pela última vez.