Coincidências e pistas de uma candidatura
Há 15 dias, o presidente Fernando Henrique bateu o martelo da demissão de Andrea Calabi do comando do BNDES. Foi também há cerca de 15 dias que FHC deu uma entrevista afirmando que seu candidato à sucessão presidencial deve ser o ministro da Saúde, José Serra, ou o da Educação, Paulo Renato Souza. Estranho… Na mesma época em que anuncia Serra como um forte candidato, FHC decide pelo afastamento de Calabi, até então o mais poderoso aliado do ministro no governo. Bem, nessa mesma época, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, esteve com o presidente. Depois, contou a toda cúpula do PFL ter ouvido a seguinte frase de FHC: “Falei no Serra para preservar o Malan.” Como? Preservar o Malan? Os pefelistas logo juntaram os pauzinhos: o presidente jogou o nome de Serra e Paulo Renato para preservar seu verdadeiro candidato: Pedro Malan. Aí faz sentido. E, desde então, como especialista que é no cerco ao poder, o PFL esqueceu antigos e pequenos desentendimentos e se reaproximou do ministro da Fazenda. Agora as coincidências começam a fazer sentido. Malan está forte, fortíssimo, com a nomeação de Francisco Gros para o lugar de Calabi. E candidatíssimo com a reaproximação do PFL.

O nó do sigilo
O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, reuniu-se na quinta-feira 24 com membros da CPI do Narcotráfico. Ouviu reclamações sobre resistências dos gerentes de bancos às quebras de sigilos. Contou que o BC não tem um levantamento seguro das contas realmente existentes no País. Está estudando a criação de um cadastro nacional. Aí o gerentezinho não vai poder esconder a conta de seu cliente.

Abaixo os juros!
O deputado Roberto Brant (PFL-MG) é amigo de ACM. Mais ligado ainda ao coordenador político do Planalto, Aloysio Nunes Ferreira. E tem na ponta da língua a solução para o aumento do mínimo a R$ 160: “Basta baixar um ponto porcentual na taxa de juros.” Hoje em 19% ao ano, cada ponto pesa em R$ 4 bilhões sobre a dívida pública. A poupança no pagamento dessa dívida daria para cobrir o rombo causado na Previdência pelo aumento do mínimo. “E juros de 18% não representam mudança na política monetária”, argumenta Brant.

A fórmula Dornelles
A fórmula Dornelles Quando o atual ministro do Trabalho, Francisco Dornelles, era procurador-geral do Ministério da Fazenda, no governo Geisel, os americanos promoveram a primeira grande taxação sobre o aço brasileiro. Dornelles e o então ministro Mário Henrique Simonsen responderam à crise aumentando os impostos sobre a distribuição de filmes estrangeiros no Brasil. Em poucos dias, o maior figurão de Hollywood telefonou para Dornelles, falando castelhano com sotaque gringo: acabara de sair da Casa Branca. Geraldo Ford decidira pôr fim às restrições ao nosso aço. E tudo voltou ao normal. “O cinema é uma indústria muito forte por lá”, comenta Dornelles com ar de raposa.

“O estandarte do salário mínimo pertence ao Paim, não é do ‘Painho’.
Do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), devolvendo ao deputado Paulo Paim (PT-RS) o crédito que ACM tenta tomar.

Rápidas

  • A assessora parlamentar de um Ministério colocou à venda a sua casa em Brasília. Tudo indica que a moça anda bem de vida. Está cobrando a bagatela de R$ 1,5 milhão.
  • O TSE surpreendeu o PMDB. Marcou para o Carnaval o horário gratuito dos spots publicitários do partido. Mas o PMDB salvou-se: produziu o primeiro anúncio partidário-carnavalesco da história.
  • Antes de oferecer a Jefferson Peres (PDT-AM) a relatoria do processo contra Luiz Estevão na Comissão de Ética do Senado, Ramez Tebet tentou Romeu Tuma (PFL-SP). O pefelista recusou.