18º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil: 30 anos + Panoramas do Sul/ Sesc Pompeia, SP/ até 2/2/2014

Realizado bienalmente há 30 anos, o Festival Sesc_Videobrasil revelou ao País grandes artistas do vídeo e da imagem em movimento, como Nam June Paik, Marina Abramovic, Bill Viola, Walid Raad, Tadeu Jungle, Marcelo Tas, Carlos Nader. No ano em que comemora três décadas, esta história é contada em uma instalação de 200 telas que exibem as 17 edições do VB em múltiplas camadas. A grande estrela da festa é o festival. Mais precisamente a mostra “Panoramas do Sul”, uma plataforma de visibilidade da produção artística do eixo Sul geopolítico (América Latina, Caribe, África, Oriente Médio, Europa do Leste, Sul e Sudeste Asiático e Oceania). Durante os três meses de programação do 18º Festival Internacional de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, o Sul está no centro do debate.

chamada.jpg
DIVERSIDADE
Fotografia da série "Welcome Home",
de Gui Mohallem, registra prática xamânica

“O VB teve um papel muito importante na legitimação do vídeo no Brasil. Mas isso não é mais necessário, o vídeo é uma linguagem consolidada. Por isso, abrimos o foco para questões de ordem política, que agora precisam de visibilidade”, diz a diretora Solange Farkas. Os 94 trabalhos da mostra foram selecionados entre dois mil inscritos de 32 países. Na mostra resultante, convivem pesquisas e linguagens de origem diversas, que, por não serem originárias dos “centros hegemônicos” do mundo, articulam temas afins, quase sempre relacionados a identidade cultural, alteridade, pertencimento. “Questões como identidade, paisagem, cidade, migração sempre aparecem, mas começam a ganhar novas perspectivas”, diz Júlia Rebouças, da Comissão Curatorial. O libanês Akram Zaatari, por exemplo, militante de causas relacionadas à identidade árabe, participa com um trabalho mais intimista, que explora o amor homossexual no mundo muçulmano.

“Como novidade, percebemos uma gama de trabalhos que trazem um certo primitivismo, que vão buscar na natureza um pensamento religioso”, continua Júlia. Expressam essa natureza mágica a fotografia do brasileiro Gui Mohallem, produzida a partir da vivência de um ritual de celebração pagã no interior dos EUA; ou o vídeo de Bakary Diallo, que representa os espíritos das vítimas das guerras no Mali; e o vídeo do argentino Charly Nijensohn, filmado no sul da Cordilheira dos Andes, que explora o fascínio por lugares extremos e desconhecidos.

ARTES-02-2295.jpg
CLICHÊ
Filme de Tao Hui desafia estereótipos
do folclore e da economia chinesa

Esta é a segunda edição em que o Festival Videobrasil amplia sua atuação do vídeo e da arte eletrônica para a arte contemporânea. Mas, ainda que pretenda abranger todas as linguagens artísticas e tenha a diversidade como bandeira, sua maior contribuição continua sendo mostrar a produção gerada no cruzamento do vídeo com outras mídias. Exemplos são a instalação de Leticia Ramos, que interpreta a paisagem do Polo Norte com câmeras e projetores reinventados; ou a engenhosa fusão de performance, história em quadrinhos e documentário no trabalho da australiana Bridget Walker.