Antes de virar figura onipresente nas rádios e nos programas televisivos, o cantor paulista Maurício Manieri, 29 anos, convivia com uma situação engraçada, que sempre se repetia. Devido às suas músicas dançantes, de balanço funk, não eram poucos os que o imaginavam um negrão alto e volumoso, no estilo de Ed Motta. Para um amante da black music como Manieri não poderia haver elogio maior. Com um vozeirão grave, que o descendente de italianos orgulha ser "de barítono", Manieri está se tornando o novo fenômeno pop nacional. Depois de furar o bloqueio de baianos e pagodeiros, emplacando a esquenta-pista Minha menina como a sétima música mais tocada no ano passado, por quatro meses ele também foi o mais executado nas FMs paulistanas com a balada Bem querer. Agora, Pensando em você, outra faixa de seu CD de estréia, A noite inteira, que já vendeu 250 mil cópias, começa a caminhar em direção às primeiras posições.

O sucesso do garoto de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, que desistiu da carreira de pianista e do curso de Engenharia Química para tentar cantar como Stevie Wonder e Tim Maia, surpreendeu até o próprio. "Lancei o disco num momento de maior baixa do pop, prevendo alguma resistência", lembra Manieri. "Era um artista-solo cantando black music e o mercado estava dominado pelo samba e pelo axé." Para facilitar a vida do cantor, pesaram uma série de fatores. Em primeiro lugar, ganhou nos créditos do disco a assinatura do produtor Dudu Marote, o nome por trás da fórmula bem-sucedida de bandas como Skank e Jota Quest, que deixou as canções de Manieri com uma sonoridade bem contemporânea. O segundo empurrão veio da Rede Globo, que selecionou Minha menina para a trilha da finada novela das sete Andando nas nuvens, e, na sequência, escolheu Bem querer para embalar os lances românticos de Vila Madalena.

Aproveitando o bom momento, o cantor acaba de gravar com Ivan Lins um dueto para a versão dublada do filme infantil Tigrão, desenho animado da Disney, com estréia prevista para abril. Participou também de um CD em homenagem à canção Garota de Ipanema, no qual interpreta o clássico da bossa nova acompanhado apenas de piano, que ele mesmo toca. Formado em conservatório, o cantor imprimiu um andamento mais dramático ao arranjo. "Minha versão não tem nada a ver com a do Tom Jobim", avisa, completando com imodéstia que o resultado ficou bem Maurício Manieri.


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