A hora dos dossiês
A alta cúpula do PFL, leia-se Jorge Bornhausen e Antônio Carlos Magalhães, anda irada com a rasteira que o PSDB passou no partido na disputa pela maior bancada na Câmara. Mas a maior irritação é com o fato de FHC ter revelado, em entrevista publicada na terça-feira 15 no jornal O Globo, que os ministros tucanos José Serra e Paulo Renato são os candidatos de sua preferência para o Planalto em 2002. ACM, Bornhausen e Cia. colocaram os dois na sua alça de mira. Logo vão começar a descarregar suas baterias.
Vale lembrar. O ex-presidente Fernando Collor resistiu o quanto pôde a oficializar a participação do PFL em seu governo. Ao partido, por sua vez, isso só interessava com Collor enfraquecido. A estratégia foi simples: começaram a pipocar dossiês contra os ministros Margarida Procópio, Alceni Guerra, etc. Até que Jorge Bornhausen assumiu o cargo de articulador político do governo escudado por ACM. Uma estratégia que quase deu certo, mas a onda de denúncias fugiu ao controle. E tanto Collor como o PFL dançaram.

Garotinho e o PMDB
Mesmo anunciando suas pazes com Leonel Brizola, o governador do Rio, Anthony Garotinho, continua acenando para uma filiação futura ao PMDB. Na briga pela maior bancada na Câmara Federal, ele instruiu o deputado Francisco Silva (PST-RJ), seu fiel seguidor, a formar com o PMDB o bloco que garantiu para o partido o segundo lugar no ranking.

Nas asas da viúva
Mais um prêmio do governo, desta vez ao custo mensal de US$ 17 mil. Vai para o brigadeiro Marco Antônio de Oliveira,
que deixa esta semana a direção do Departamento de Aviação Civil (DAC) para assumir as funções de assessor militar na delegação do Brasil na ONU. O cargo, segundo o brigadeiro Álvaro Soares Dutra, bem poderia ser acumulado pelos adidos de Londres ou Paris, com duas pequenas viagens anuais a Genebra.

O enigma de Ciro
Na semana passada, esta coluna informou: o ex-governador Ciro Gomes anunciou no Ceará que já não tem como desistir da candidatura a presidente da República pelo PPS, mesmo que seu amigo e governador, o tucano Tasso Jereissati, também seja candidato à principal cadeira do Palácio do Planalto. Na segunda-feira 14, Ciro telefonou para ISTOÉ. Ele não nega reportagem publicada pelo jornalista Tarcisio Colares, do jornal Tribuna do Ceará, no dia 10, com declarações nesse sentido. Mas faz questão de pisar no freio: "A verdade é que, se o Tasso for candidato, eu estarei totalmente indisposto a concorrer. Seria um grande constrangimento."

Farpas no poder
Na quinta-feira 17, a governadora Roseana Sarney foi da reunião do PFL direto para o Palácio do Planalto. À saída do elevador, no 4º andar, cruzou com o ministro da Fazenda, Pedro Malan. "Governadora, como é que a senhora vai manter a promessa de salário mínimo de US$ 100 no Maranhão?", provocou o ministro liberal. "É simples. Vocês vão cuidar da economia direitinho e manter o dólar estável", respondeu a irônica Roseana.

Rápidas

  • O PFL não está irritado apenas com FHC e os tucanos. Também vai sobrar para o PMDB. ACM e Cia estão à caça de histórias em tramitação na Justiça contra o peemedebista Jader Barbalho.
  • Na quinta-feira 17, Inocêncio Oliveira partiu soltando fumaça para um encontro com o presidente. Vol-tou feliz da vida. FHC jurou que o apoiará na eleição pa-ra presidente da Câmara. E ele acreditou!
  • Além de Luiz Estevão, a Comissão de Ética do Senado está com outro pedido de cassação. Contra o senador Luiz Otávio, denunciado pe–lo rombo de US$ 13 milhões no BNDES como revelou ISTOÉ.