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No final do mês passado, o brigadeiro José Carlos Pereira, presidente da Infraero – a estatal responsável pelos aeroportos do País -, recebeu em seu gabinete o ofício número 13017/DE/ 2007, assinado pela diretora de engenharia, Eleuza Terezinha Lores. No documento de duas páginas, colocando-se como porta-voz de engenheiros e arquitetos da empresa, Eleuza reclama das investigações externas e internas sobre possíveis desvios de dinheiro público praticados em diversos contratos da empresa. A diretora de Engenharia afirma que o fato de os funcionários terem que dar seguidas explicações atrapalhava o trabalho do dia-a-dia da empresa. Ela diz, ainda, que auditores internos têm sido mais rígidos do que os técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) e sustenta que o processo investigatório não é correto. Depois de ler o documento, Pereira desabafou com um assessor: "Fiquei deprimido." O desabafo é pertinente. A Infraero vem sendo investigada pelo Ministério Público, pela Corregedoria Geral da União, pelo TCU e por duas CPIs, na Câmara e no Senado. E, em todas essas investigações, o que está se descobrindo é a existência de fraudes em várias áreas da empresa. Como ISTOÉ já revelou, segundo o TCU, todas as grandes obras em aeroportos estão com irregularidades, Mas elas existem também em contratos considerados pequenos.

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Na contratação de propaganda colocada em 750 carrinhos de mala no Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, por exemplo, foram arrecadados R$ 31,5 mil. O contrato estabelece que a Infraero deveria receber R$ 15,7 mil, mas apenas R$ 810,02 chegaram à estatal, segundo relatório da Corregedoria Geral da União. No contrato para mídia em sete painéis, a Infraero teria de receber R$ 11,2 mil, mas só recebeu R$ 3,5 mil. "Se essas coisas acontecem em pequenos contratos, o que não dizer nos grandes?", indaga o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), presidente da CPI do Apagão Aéreo. Na terça-feira 10, os membros da CPI decidiram pedir a quebra do sigilo bancário de 15 funcionários da estatal, inclusive o da diretora de engenharia, que redigiu a carta ao presidente Pereira reclamando das investigações. "Vários funcionários fraudaram os contratos, superfaturaram obras e continuam com seus cargos. Esse pessoal precisa ir para a cadeia", diz Demóstenes.

 


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