O primeiro balanço é de cair o queixo. Em apenas 15 dias de atividade, os dois maiores provedores gratuitos de acesso à Internet do País – NetGratuita e iG – afirmam ter registrado, juntos, mais de 1,25 milhão de assinaturas. Um colosso que deixou muita gente em dúvida sobre a exatidão das informações. Isso porque somente na Grande São Paulo o número de pessoas que utilizam a rede mundial de computadores é de 1,5 milhão, conforme levantamento do Ibope de dezembro de 1999. O desempenho oficial da Net-Gratuita – empresa do grupo UOL – é de 830 mil registros, incluindo aí as inscrições realizadas antes no site de e-mail gratuito BOL. O que para o iG é inadmissível. "Eles juntaram laranja com banana. Duvido que tenham conseguido mais de 80 mil assinantes para o acesso à Web", critica Fabian De La Rúa, diretor do iG. Ele, por sua vez, afirma ter 420 mil clientes, o que significaria um registro a cada quatro segundos.

Os concorrentes pagos questionam toda essa numerália e colocam em dúvida se seria possível montar tão rápido uma infra-estrutura de telefonia para suprir tamanha demanda. Há quem diga que a NetGratuita estaria usando equipamentos do UOL – Universo Online, provedor pago do mesmo grupo. "Temos estruturas completamente independentes", rebate Victor Ribeiro, diretor-geral da Net-Gratuita. Coincidência ou não, UOL, BOL e NetGratuita apresentaram problemas de lentidão na semana passada. O UOL chegou a colocar até um aviso sobre os problemas que enfrentava na quarta-feira 9. A NetGratuita não revela quantas linhas telefônicas dispõe e nem se segue a recomendação da Abranet, associação dos provedores que estabelece como padrão de qualidade uma linha para cada dez assinantes. "Padrão cada um tem o seu", argumenta. O iG garante ter 48 mil linhas e promete chegar a 100 mil em março.

O sucesso instantâneo não assegura uma curva de crescimento desses provedores gratuitos daqui para a frente. Primeiro porque o número de empresas não pára de crescer. Além dos já conhecidos Bradesco, Unibanco, Terra Livre, BRFree e Super 11, entre outros, há quem esteja preparado para entrar em ação nos próximos dias, como o Tutopia. Além disso, todos os provedores, gratuitos ou pagos, esbarram num problema: o número de internautas brasileiros. Estima-se que hoje sejam oito milhões. É um universo pequeno e para ser ampliado depende principalmente da redução dos preços dos computadores e das tarifas telefônicas. O acesso gratuito sem dúvida beneficia consumidores e pode ser uma fonte de renda para os provedores, através de anúncios e taxas sobre as vendas de comércio eletrônico. É por isso que a NetGratuita estuda inclusive outras iniciativas para tornar o acesso menos oneroso. Pelo visto, a guerra está só no começo.


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