Planalto preocupado com PT

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 O governo não tem a menor dúvida sobre a reeleição de Rui Falcão para a presidência do PT. A dúvida é saber se ele será capaz de apaziguar o partido em 2014, quando Dilma irá necessitar da lealdade integral da legenda para enfrentar uma campanha que ninguém encara como um passeio de carruagem. Mesmo os aliados de Rui têm engrossado o coro geral de críticas ao governo que, além de questões pontuais, envolvem um aspecto principal – um clamor por uma maior participação nas decisões do Executivo. Os petistas estão de olho inclusive na nomeação de ministros, que Dilma considera sua prerrogativa pessoal.

Fator K em Brasília
O otimismo inicial sobre a recuperação de Cristina Kirchner após a cirurgia no cérebro está diminuindo em Brasília. O Planalto já trabalha com a possibilidade de a presidente argentina não conseguir retornar às funções presidenciais, privando o Planalto de um aliado problemático no varejo, mas sempre fiel no atacado das articulações regionais. 

Palavras que incomodam
O debate sobre a regulamentação do trabalho escravo está amarrado em dois adjetivos. Trabalho “exaustivo” e “estafante”.  Em busca de termos precisos, um senador teme que,  com expressões vagas, aplicáveis a casos muito diferentes, “até um parlamentar aplicado possa processar o Congresso como escravo.”  

Esperança renascida
Vai durar até esta semana a esperança de que a reforma do ICMS possa ser votada neste ano. Há duas possibilidades. O Confaz, Conselho de Secretários da Fazenda, representante dos 27 Estados, pode fechar uma proposta de consenso, que seria apoiada por senadores e deputados. Outra hipótese, dramática, é aprovar o consenso e disputar as diferenças no voto. Se nada acontecer, o debate ficará para 2015 na melhor das hipóteses. 

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Charge

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CPI é pesadelo para 2014
O Planalto está mobilizado para impedir a coleta de assinaturas para a formação de uma CPI sobre a Copa do Mundo. Os motivos de preocupação do governo são os mesmos que animam a oposição. Os dois lados estão convencidos de que uma chuva de denúncias pode animar protestos às vésperas da eleição. 

Meu plano será tua herança
Com Alexandre Padilha pronto para entrar na duríssima luta pelo governo paulista, o Ministério da Saúde virou a noiva procurada da reforma ministerial. O herdeiro de Padilha implantará o Mais Médicos, processo que deve atravessar  2014. Apoiado por Fernando Pimentel, o mineiro Helvécio Magalhães disputa o cargo.

Contra a parede
Há menos de um trimestre no cargo, a nova presidente da Fundação Nacional do índio (Funai),  Maria Augusta Assirati, enfrenta alta temperatura em Mato Grosso do Sul e Alagoas. Enquanto comunidades indígenas resistem à determinação para deixar uma área, os fazendeiros se armam. Um cenário muito parecido derrubou Marta Azevedo, a antecessora.

Diálogo impossível com black block
A equipe do ministro Gilberto Carvalho que costuma procurar contato com movimentos sociais do País inteiro chegou à conclusão de que não há campo possível para conversar com o anaquismo baderneiro do black block. Às vésperas do leilão de Libra, emissários do governo fizeram várias ofertas conciliatórias, inclusive de promover encontros de integrantes do grupo com autoridades. Os blacks contatados responderam que não tinham o menor interesse. Afirmaram, a sério, que sua única preocupação era impedir o leilão.

Renan e o neoliberalismo
A súbita conversão de Renan Calheiros ao neoliberalismo financeiro, definida pela promessa de votar um projeto de autonomia do Banco Central, tem duas explicações que não se excluem. A caseira é que pressiona para emplacar um protegido no ministério Dilma. A institucional  é que articula acordo nos bastidores com lideranças do setor financeiro, que pressiona pela autonomia na esperança de baixar o limite do depósito compulsório.

Toma lá dá cá

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Entre vários hackers, Bruno Neyra, conhecido como Capi Etheriel na rede, esteve em Brasília para testar a transparência da Câmara de Deputados:
ISTOÉ – Por que invadir bancos de dados das três áreas do governo, em vez de usar páginas de transparência?
Bruno Neyra –
A verdade é que os portais oficiais dificultam o acesso. Obrigar a preencher um formulário é criar uma barreira. Não é preciso autorizar o que é público.

ISTOÉ – Por que a Câmara convocou vocês?
Bruno Neyra –
Os funcionários e diretores querem a transparência. Os políticos não querem.


ISTOÉ – Existe hacker do bem?
Bruno Neyra –
Se eu fizer um programa para mostrar que legalizar o aborto protege a vida de mulheres, a Igreja Católica não vai achar que eu sou um hacker do bem. A rede é monitorável. E é mais barato monitorar um país pela internet do que adquirir um caça.

Rápidas
* A capacidade de o PMDB produzir atritos com o governo já fez surgir o comentário no Congresso de que o partido parece sofrer de um complexo de PSB –  adora dar a impressão de que pode brigar de verdade, esquecendo de que não tem o cacife de um candidato presidencial para ser levado a sério. 

* O Supremo Tribunal Federal abriu licitação para comprar 16 sofás, a um custo de R$ 10  mil cada um. Nos detalhes da compra, o órgão deixa claro que não quer economia. Pede modelos de “excelente qualidade” e fazem referência explícita a um certo padrão “La Novitá”, loja AAA de São Paulo.  

*Num esforço para evitar calouros, o Fundo da Previdência Complementar do Funcionalismo só aceitará executivos com um mínimo de cinco anos de carreira em aposentadoria privada.

Retrato falado

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“Orçamento impositivo é uma aberração. Nosso papel é defender a população e fiscalizar o governo e não definir onde se fazem obras.”

O senador Humberto Costa (PT-PE) aguarda pela votação do orçamento impositivo para subir à tribuna e enfrentar uma das piores derrotas de sua vida parlamentar. “Vou receber entre dez ou, no máximo, 11 votos”, afirma, referindo-se a uma proposta que garantirá a cada parlamentar o direito de distribuir uma bolada de R$ 10,4 milhões em emendas que ele próprio escolher, sem prestar maiores satisfações. Médico, Humberto acha que se amenizou o mal ao assegurar que 50% desses recursos irão para a área de saúde.

Eles querem ouvir Lula
O vice-presidente Michel Temer tem trabalhado para manter em boa temperatura as relações do PMDB com o governo. Sua mensagem é que os principais pleitos serão atendidos e que o partido deve “ficar frio.” Reconfortados por uma posição de mando nas duas casas do Congresso, regalia pouco vista na história da República, os caciques do PMDB  já enviaram uma mensagem de volta. Querem se encontrar com Lula. 

Falta de equipamento
Acusado de vazar boa parte das informações confidenciais sobre o propinoduto,  o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) enfrenta dificuldades técnicas para compartilhar, legitimamente, dados com órgãos competentes. O Cade nem sequer possui DVDs virgens para gravação de mídias.

por Paulo Moreira Leite
Colaboraram: Izabelle Torres e Josie Jerônimo
fotos: Sérgio Lima/folhapress; isabela moreira; Iano andrade/cb/d.a press; ricardo stuckert/instituto lula


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