Confira, em vídeo, as adaptações para o cinema de obras literárias destinadas especialmente ao público feminino:

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As autoras não gostam do termo, as livrarias quase não o usam e as editoras mais chiques o evitam, mas o “chick lit”, subgênero da ficção voltado para o público feminino (carinhosamente apelidado de romance de mulherzinha), ganha cada vez mais espaço em corações e estantes e tem sido uma das grandes apostas das casas editoriais. Tanto que o último livro de uma das mais conhecidas heroínas dessa vertente literária, Bridget Jones, chega às livrarias com o subtítulo “Louca pelo Garoto” mantendo a marca de sexto colocado na lista dos mais vendidos do jornal “The New York Times”.

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Na frente, inclusive, de “50 Tons de Cinza”, maior fenômeno de vendas dos últimos tempos, mesmo sendo o menos divertido dos três da série escrita por Helen Fielding. A Companhia das Letras comprou o título, que era publicado desde os anos 1990 no Brasil pela Record. Agora cinquentona, a personagem inclui novos números em suas contas diárias. Além de calorias, passou a calcular os seguidores perdidos por tuitar bêbada e a quantidade de piolhos encontrada na cabeça dos filhos. A esperteza de Helen Fielding na apresentação dos pensamentos que se atropelam na cabeça de Bridget não perdeu a graça. Mas funcionava melhor quando a protagonista se debatia com a crise dos 30. Ainda assim, a Companhia das Letras, pouco afeita a subgêneros da moda, resolveu apostar no filão em que não tinha muitos títulos. E não foi só ela.

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Na Feira de Frankfurt, realizada em outubro na cidade alemã, “I Take You”, de Eliza Kennedy, foi alvo de disputa de três grandes editoras brasileiras. Quem arrematou os direitos de publicação foi a Rocco. “A autora discute as relações amorosas atuais e trata da relação/instituição chamada casamento, que resiste a tudo e vale a pena”, resume a gerente editorial Vivian Wyler, que apostou no romance, ainda sem título em português. A Rocco não costuma errar em suas tacadas. Em 2005, lançou “Ele Simplesmente Não Está a Fim de Você”. A história de Greg Behrendt e Liz Tuccillo acabou quatro anos depois adaptada para o cinema com Jennifer Aniston e Drew Barrymore nos papéis principais – foram mais de dois milhões de livros vendidos.

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“A Companhia das Letras publica obras de qualidade, que nós mesmos gostaríamos de ler. É ainda melhor, claro, quando um bom livro tem também a possibilidade de atingir o grande contingente de novos leitores que há no Brasil. Por isso “Bridget Jones: Louca pelo Garoto” surgiu com um projeto privilegiado”, diz Rita Mattar, da Companhia. Ela lembra que “O Diário de Bridget Jones” foi um dos livros que inspiraram a criação do próprio termo “chick lit”. “Em muitos aspectos, Helen Fielding é pioneira no gênero e reconhecemos o valor da honestidade e da irreverência com que ela retrata o cotidiano da mulher contemporânea.” Lançado em 1996, o primeiro volume da série é considerado um dos dez romances que melhor definem o século XX segundo uma pesquisa realizada pelo jornal inglês “The Guardian”.

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 Na época, vendeu 160 mil exemplares no Brasil, informa a editora Record, que há mais tempo aposta na chick lit em território nacional. O grupo é dono dos glamourosos “O Diabo Veste Prada” e “Sex and The City” e de suas continuações, como “A Vingança Veste Prada”, lançado em agosto no Brasil. E aposta em novos talentos, como a brasileira Carina Rissi, autora do sucesso instantâneo “Procura-se um Marido”, que esgotou em menos de um mês. Lançado pela Verus, do mesmo grupo Record, sua primeira leva teve 20 mil exemplares, pirateados a rodo. Ainda assim, foi preciso reimprimir. Helen Fielding explica a popularidade de Bridget pelo fato de suas atitudes carregarem o zeitgeist (espírito de época) de sua geração. Carina Rissi prestou atenção à dica. O próximo livro da autora, “Perdida”, deve chegar às prateleiras como dica de Natal – e já está vendido para o cinema.