A violência urbana atingiu níveis assustadores. Não há mais um único dia em que o brasileiro abra seu jornal, no café da manhã, e não seja banhado em sangue. À mesa, para acompanhar o pão com manteiga, crimes dos mais diversos graus: roubo de carro, assalto, sequestro-relâmpago, sequestro não tão relâmpago, espancamento, estupro, tentativa de assassinato, assassinato – e servidos em abundância. Responsável pelo texto que começa na pág. 92, o talentoso repórter Bruno Weis tomou como ponto de partida uma extensa pesquisa elaborada pela Universidade de São Paulo. Contrariando as estatísticas, Bruno, um jovem de 25 anos, não se inclui nos alarmantes 50% dos entrevistados que preferem ficar em casa à noite com medo da violência. Mas se enquadra na amostragem que aponta para 93% de brasileiros de dez capitais que estão seriamente preocupados com a constatação do crescimento da violência em suas cidades. Para a reportagem, foram ouvidos personagens das mais variadas classes sociais unidos por um sentimento comum: o medo.

O governo aparentemente acordou para o problema. O ministro da Justiça apresentou um plano de segurança pública emergencial, conforme apurou o repórter Eduardo Holanda, da sucursal de Brasília. Holanda é também o autor do texto que conta a chocante história de um garoto de nove anos que depois de assistir ao filme Brinquedo assassino 2 atacou com facas uma amiguinha. Tudo isto publicamos contrafeitos e com um inevitável sabor amargo na boca.

Sensações agradavelmente opostas nos traz a saga de Torben Grael, o nosso brasileiro a bordo do Luna Rossa, o barco italiano que venceu a Copa Louis Vuitton e vai disputar a final da America’s Cup, a mais tradicio-nal competição de vela do mundo. A história da disputa e a entrevista com Torben, feitas pelo editor especial Eduardo Marini.

Perplexidade é o sentimento que fica depois de se ler duas outras reportagens desta edição. Na pág. 26, Mino Pedrosa, da sucursal de Brasília, narra a incrível história de um senador do Estado do Pará que pegou US$ 13 milhões do BNDES para construir balsas e não foi além de dar uma mão de tinta em algumas barcaças antigas. Já na pág. 38, Luiza Villaméa relata como um pedaço do mesmo Estado do senador das balsas, um território equivalente à Bélgica, foi vendido para uma empresa americana. Como se isto não bastasse, dentro dos mais de três milhões de hectares estão as terras dos kayapós e, para piorar um pouco mais, os índios já estão usando pintura de guerra.


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