A inovação tecnológica muitas vezes condena à morte produtos que, em seu tempo, foram revolucionários. Depois do iPod, quem vai querer um walkman ou um CD player portátil? Hoje, a utilização de aparelhos celulares para fazer pagamentos em máquinas de refrigerantes e restaurantes tornou-se uma ameaça aos cartões de crédito, antigos algozes do cheque e da moeda em espécie. Mas as administradoras do dinheiro de plástico não aceitam a morte anunciada dos cartões de PVC. Para combater o avanço dos minicomputadores de comunicação pessoal – o telefone celular é um conceito ultrapassado – em seu negócio, estão reinventando os cartões.

Nessa guerra, vale tudo para conquistar o consumidor. Desde apelos sensoriais, como cartões perfumados, até novos materiais, texturas e formatos. Nos Estados Unidos, já surgiram cartões de crédito com aroma de café, limão e framboesa. E qual é a utilidade de um cartão cheiroso, além de fazer o óbvio na hora de pagar uma conta? Chamar a atenção do cliente e sair primeiro da sua carteira, garantindo a comissão da administradora. Parece bobagem, mas não é: o país tem 300 milhões de habitantes e 1,5 bilhão de plásticos de crédito e de débito. Ou seja: a concorrência é feroz. E as pesquisas indicam que os consumidores valorizam a aparência do cartão e são sensíveis a atributos emocionais, como o perfume. Luz e som também estão sendo testados. “Há muita conversa sobre como introduzir inovação no mercado de cartões de crédito, e o desenho faz parte disso”, afirmou Peter Vaughn, vice-presidente da American Express, ao jornal financeiro The Wall Street Journal.

Outra estratégia para cativar os clientes mais exclusivos é apelar ao luxo e à praticidade. A American Express lançou o cartão Butterfly, que se dobra ao meio como uma borboleta (butterfly, em inglês) e vem acondicionado num charmoso chaveiro de prata. Quem sair para a “balada” poderá levar apenas um chaveiro no bolso e deixar a pesada carteira em casa. O novo cartão dourado do centurião, oferecido como um benefício adicional a quem já possui o plástico tradicional, tem um número diferente, mas as contas são unificadas no mesmo extrato. Para os clientes superricos, que fazem pagamentos de até US$ 250 mil por ano com seu cartão Centurion, a American Express está trocando o plástico por um metal bem mais nobre, o titânio. O peso é de 15 gramas, três vezes o do PVC, devidamente compensado pelo charme adicional.

Novos recursos tecnológicos para aumentar a segurança das transações fazem parte da contra-revolução dos cartões. Uma empresa de Los Angeles, a Innovative Card Technologies, desenvolveu o ICT DisplayCard, um plástico com senha numérica descartável. A um toque de um pequeno botão, o chip do cartão muda a senha automaticamente. Durante a transação, o cliente digita o número que aparece no visor e acrescenta sua palavra-chave. A idéia é garantir que o cartão está presente durante a transação, bem como seu dono, e evitar as fraudes eletrônicas.