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Na última de suas ações espetaculares, batizada de Operação Águas Profundas a Polícia Federal descobriu um enorme vazamento de dinheiro na Petrobras. O Ministério Público denunciou 26 pessoas, das quais 14 foram presas – entre empresários, lobistas e funcionários da empresa. Elas são acusadas de fraudar licitações através de ONGs, empresas fantasmas e laranjas, movimentando até R$ 7 milhões de um contrato cujo valor total chega a R$ 200 milhões. A operação foi desencadeada na terça-feira 10, mas consumiu dois anos de investigação. "Revelou-se a existência de pelo menos três organizações criminosas voltadas para a prática dos ilícitos de quadrilha, corrupção ativa e passiva, fraudes à licitação, falsidade documental e peculato, dentre outros", diz o procurador Carlos Alberto Gomes de Aguiar no texto de denúncia. As principais empresas envolvidas são Angra Porto, Mauá Jurong e Iesa Óleo e Gás. As duas últimas fizeram contribuições para campanhas eleitorais de políticos fluminenses. Mas, até agora, a PF não confirmou a ligação dos fraudadores com os parlamentares. "Nosso foco é a apuração de fraudes nas licitações", explicou o delegado federal Cláudio Nogueira.

 

Escutas telefônicas revelaram que alguns funcionários da estatal vendiam à Angra Porto informações privilegiadas sobre as concorrências para serviços nas plataformas de petróleo. Chegavam mesmo a alterar contratos para beneficiar a empresa. Segundo uma testemunha ouvida pela PF, só um desses funcionários (Carlos Alberto Feitosa) teria recebido vários envelopes com propinas que iriam de R$ 100 mil a R$ 200 mil. A investigação da PF revelou que o empresário Ricardo Secco – pai da atriz Débora Secco e um dos presos -, operava ONGs fantasmas que serviam às empresas envolvidas nas fraudes. A sucessão de fraudes redundava em prejuízos para a estatal. Em audiência realizada em março com o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, o diretor da associação de engenheiros da empresa, Fernando Siqueira, alertou para o fato. "Uma empresa que é privilegiada concorre sozinha e pode superfaturar à vontade. Por isso, nos últimos anos os custos de produção dobraram e os de tubulação triplicaram."

O ROMBO: R$7 milhés é o valor estimado da fraude de cinco editais de licitações para serviços em plataformas da Petrobras

Na campanha de 2006, a Iesa Óleo e Gás fez três doações ao PT, num total de R$ 1.562.000. Políticos que receberam contribuições da Mauá Jurong rebatem as suspeitas de que tenham relações com as fraudes. "Recebi R$ 80 mil de forma legal, consta da prestação de contas", diz o deputado federal Chico D’Angelo (PT/RJ). O também deputado federal Jorge Bittar (PT/RJ) diz que recebeu contribuições legítimas e declaradas. "Sou defensor do financiamento público de campanha exatamente para acabar com essas colocações que nos deixam intranqüilos", conclui Bittar.

Colaborou: Eliane Lobato


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