vettel2_620x423.jpg

 

Os fãs da Fórmula 1 devem se lembrar de como o quarto campeonato foi difícil para a Seleção Brasileira de futebol e para Ayrton Senna. Tanto que essa busca criou uma empatia incrível entre o Ayrton Senna três vezes campeão e os torcedores do Brasil que levantou a Taça Jules Rimet por três vezes. Depois do terceiro campeonato no México, o Brasil perdeu as Copas de 1974 e 1978 jogando um futebol de perdedor. Em 1982, quando a seleção de Zico, Sócrates e Falcão maravilhou o mundo, Paolo Rossi, da Itália, destruiu o sonho do “tetra”. Em 1986, mais uma vez a geração comandada por Telê Santana teve a chance de brilhar na Copa do Mundo, mas foi derrotada nos pênaltis pela França, num sábado triste. No dia seguinte, em Detroit, correndo pela Lotus Renault e ouvindo as chacotas dos franceses que cuidavam do motor de seu carro, Senna, com a poção mágico do nacionalismo, derrotou os gauleses Alain Prost e Jacques Laffite e, ao dar a volta de desaceleração, empunhou uma bandeira do Brasil, como que vingando a pátria.

Ayrton chegou ao seu terceiro campeonato, em 1991, e nada de o Brasil chegar ao “tetra” no futebol. Juan Manuel Fangio, que ganhou cinco títulos em oito temporadas, já tinha sido tetracampeão da Fórmula 1 em 1954/55/56/57. Em 1993, Prost conseguiu o seu quarto campeonato na Fórmula 1.

Faltavam a seleção brasileira e Ayrton Senna. Tinha de ser em 1994. Mas Ayrton morreu logo na terceira corrida, pressionado pelas duas vitórias de Michael Schumacher. No meio do ano, quando o Brasil derrotou a Itália nos pênaltis e chegou ao seu quarto campeonato mundial de futebol, a seleção de Romário, Bebeto e Dunga abriu uma faixa em homenagem a Senna, que tanto queria o “tetra”. Até mesmo o mágico Santos de Pelé nunca conseguiu ser tetracampeão no Campeonato Paulista. Depois disso, Michael Schumacher também conquistou um tetra dentro de pentacampeonato (2000/01/02/03/04), completando sua gloriosa carreira de sete títulos mundiais.

Vettel chegou ao tetracampeonato aos 26 anos, em sua 117ª corrida, ao vencer o GP da Índia. Isso sem contar que foi vice-campeão em 2009. Seus números impressionam. Ele ganhou 31% das corridas que disputou (contra 47% de Fangio, 30% de Schumacher, 26% de Prost e 25% de Senna), fez 37% das poles (contra 57% de Fangio, 40% de Senna, 22% de Schumacher e 17% de Prost) e liderou 2.257 voltas (contra  5.111 de Schumacher, 2.931 de Senna, 2.683 de Prost e 1.347 de Fangio). Isso significa que Seb, como é chamado no circo da Fórmula 1, já dirigiu 11.974 km na liderança, mais do que os 9.316 km de Fangio e muito perto dos 12.474 km de Prost e dos 13.430 km de Senna, lembrando que Alain disputou 199 grandes prêmios e Ayrton  correu 161 vezes na F1. Nesse quesito, só os 24.148 km na liderança de Michael parecem longe de Seb.

Em termos de vitórias, Schumacher ganhou 91 vezes, contra 51 de Prost, 41 de Senna, 36 de Vettel e 24 de Fangio (que disputou apenas 51 GPs).

Portanto, não há dúvidas de que Sebastian Vettel tem números incríveis. Isso porque, para além de ter nos Red Bull RB5, RB6, RB7 e RB8 os melhores monocoques da Fórmula 1 nos últimos anos (criado pelo engenheiro Adrian Newey), Seb também conta com o rápido e confiável motor Renault V8.

"O Fórmula 1 atual é muito fácil de ser guiado rápido. Acho que a grande dificuldade de um piloto hoje está nos últimos oito décimos, meio segundo. É muito difícil tirar esse tempo, o cara tem que ir mesmo no limite, não só dele, mas também da pista e do carro. Apesar de toda a eletrônica encontrada na Fórmula 1 hoje, quem ganha ou perde a corrida ainda é o piloto. Apesar de ser uma máquina fantástica, o cara tem que saber controlar tudo. Todos aqueles controles no volante trazem uma dificuldade extra aos pilotos. Com toda essa eletrônica, o piloto consegue adaptar o carro a cada tipo de curva." (Emerson Fittipaldi, em depoimento à MOTOR SHOW).

Emerson deu esse depoimento depois de pilotar um Lotus Renault em Paul Ricard. Então é isso. Não adianta querer comparar Vettel com outros heróis. Ele é o herói de seu tempo. Nasceu em Heppenheim, na Alemanha, no dia 3 de julho de 1987, quando nossos heróis Ayrton Senna e Nelson Piquet lutavam contra Alain Prost e Nigel Mansell pelo melhor lugar no grid do GP da França daquele ano, vencido pelo Leão. Seb, que ninguém duvide, também é um leão. Com enorme fome de vitórias.