O presidente da Colômbia, Andrés Pastrana, nem teve tempo de respirar. Depois de enfrentar a maior ofensiva militar da história da guerrilha esquerdista, há três semanas, ele agora está às voltas com uma poderosa contra-ofensiva diplomática capitaneada por Tio Sam para envolver os países da região numa ação comum de combate ao narcotráfico e à guerrilha colombianos. Na quarta-feira 11, no mesmo dia em que o jornal The New York Times publicava um artigo da secretária de Estado, Madaleine Albright, defendendo uma mobilização internacional para ajudar a Colômbia, desembarcava em Bogotá uma missão americana de alto nível chefiada por Thomas Pickering, subsecretário de Estado para Assuntos Políticos. Entre os que o acompanhavam estava Brian Sheridan, encarregado das operações de Forças Especiais dos EUA. Durante quase seis horas de reunião com o mandatário colombiano, Pickering sugeriu explicitamente que a Colômbia solicite ajuda aos países vizinhos. Na quinta-feira 12, o general Barry McCaffrey, "czar" do combate às drogas americano, bateu na mesma tecla: "Não se trata de um problema da Colômbia, mas de um problema regional, e eles necessitam do envolvimento político de todos nós no hemisfério." McCaffrey iniciará dia 22 um giro pelo Brasil, pela Argentina e pelo Peru com o intuito de vender o peixe americano a esses países.

A preocupação americana com a Colômbia ficou explícita há duas semanas, quando McCaffrey visitou Bogotá e classificou a situação do país como "de emergência". Para os EUA, o problema agora é convencer para a ação comum países como o Brasil – que hesita em se envolver – e a Venezuela, que vetou o uso de seu espaço aéreo aos aviões de reconhecimento americano. Na sexta-feira 13, o senador brasileiro Roberto Freire (PPS-PE) solicitou a convocação dos ministros do Exterior e da Defesa para discutir a posição brasileira na crise.