Quem coleciona selos não vai gostar nada da novidade. Muito menos os funcionários das agências dos correios. Mas quem costuma enfrentar longas filas para postar uma carta vai adorar! O correio americano autorizou na segunda-feira 9 duas empresas da Califórnia a vender selos eletrônicos via Internet. Os nomes delas não poderiam ser mais filatélicos: E-Stamp e Stamps.com (de stamp, selo). Tão logo recebeu a licença, a E-Stamp abriu sua agência postal no ciberespaço. Para usá-la, é preciso estar nos EUA, pois o serviço por enquanto só vale para correspondências postadas naquele país. O próximo passo é comprar numa loja de informática por US$ 49,99 um aparelho chamado "cofre virtual", plugá-lo no PC e instalar seu programa. Acessa-se então o site www.e-stamp.com para comprar, via cartão de crédito, selos virtuais e armazená-los no cofre. O valor dos selos é o oficial, acrescido de 10% para a E-Stamp. Feito isso, pode-se sair da rede e usar um programa de edição de textos para imprimir o endereço do destinatário e o selo no envelope. E jogá-lo na caixa do correio.

O sistema da Stamps.com é mais simples. Basta entrar no site www.stamps.com, baixar um programa e abrir uma conta. Existem diversos planos. O mais barato custa a partir de US$ 1,99 ao mês, mais 15% sobre o valor dos selos. O serviço estará disponível em setembro.

A E-Stamp e a Stamps.com disputarão um imenso mercado. Segundo a consultoria IDC, os 35 milhões de pequenas empresas e sete milhões de profissionais que trabalham em casa nos EUA deixam no correio US$ 25 bilhões ao ano. Para garantir uma fatia desse bolo, a E-Stamp selou parcerias com a Microsoft e o Yahoo!, que colocarão seu serviço no programa Microsoft Office e no seu site de busca, respectivamente. Comprar e-stamps também será possível aos assinantes da America Online. Além disso, software e cofrinho virtual poderão vir pré-instalados nos PCs da Compaq, se assim o comprador desejar.

Outras duas concorrentes, a americana Pitney Bowes, que domina o mercado mundial de registradoras postais, e a francesa Neopost, também tocam projetos piloto de selos eletrônicos nos EUA e esperam a autorização para comercializá-los. A Pitney Bowes atira em duas frentes: a ClickStamp Plus, que usa um cofre como o da E-Stamp, e a ClickStamp Online, para baixar selos da Internet (caso da Stamps.com). A Neopost segue o mesmo esquema, com os serviços PC Stamp (cofre) e PostagePlus (apenas programa).

O primeiro desafio dessas empresas é fazer os clientes confiarem no selo eletrônico e passarem a adotá-lo. O passo seguinte será expandir o universo de remetentes e destinatários para além das fronteiras dos EUA. Para tanto, precisam acertar acordos com os diversos correios nacionais e carregar seus computadores com todas as diferentes tarifas, endereços e códigos de endereçamento postal do planeta, tarefa no mínimo hercúlea. Em outras palavras, a internacionalização do selo eletrônico ainda leva tempo.